Aproximadamente 18% da população está obesa

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Uma pesquisa do Ministério da Saúde, divulgada na semana passada, mostra que o brasileiro está mais obeso, hipertenso e diabético. A prevalência da obesidade passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016, atingindo quase um em cada cinco adultos no país. O excesso de peso também cresceu e já é presente em mais da metade da população residente em capitais.
Ainda de acordo com o levantamento, o Rio de Janeiro lidera os casos de hipertensão e diabetes. Os dados são da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) feita com 53.210 pessoas maiores de 18 anos.
“Não é uma surpresa. O aumento da obesidade está ligado à ingestão de alimentos ultraprocessados, com muito açúcar, excesso de carboidratos e fast food. Esses hábitos acontecem, sobretudo, em populações mais pobres. As medidas de prevenção têm que chegar às escolas públicas, estimulando o consumo de produtos saudáveis” – diz Ricardo Mourilhe, presidente da Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro.
Ele acrescenta que, por conta das complicações dessas doenças, como o enfarte e AVC, pessoas têm que se afastar do trabalho e sofrem, além das consequências à saúde, impacto financeiro.
O endocrinologista Pedro Assed explica que a obesidade é como uma bola de neve: “principalmente quando causa aumento de gordura no abdômen, a obesidade vira um fator de risco para o diabetes e acidente vascular encefálico, o derrame. O indivíduo obeso está mais propenso a problemas de saúde”.

Rio lidera doenças crônicas
Para o médico Pedro Assed, um dos motivos que pode ajudar a explicar o índice de 20,9% de obesidade no Rio seria uma queda na prática de exercícios físicos.
“ O Rio tem a fama de ser um lugar onde as pessoas se exercitam ao ar livre, mas faz-se isso cada vez menos. As pessoas passam muito tempo no trânsito, comem de pé apressadas, optam por comidas acessíveis e menos saudáveis” – avalia o médico.
Além desses fatores, para Walmir Coutinho, diretor do Departamento de Medicina da PUC-Rio, as campanhas de promoção de qualidade de vida devem se adaptar.
“Existem barreiras difíceis de transpor entre ação e informação. Não adianta saber tudo sobre atividade física se não houver condições ambientais necessárias. Uma criança não vai andar na rua de bicicleta se mora em um bairro violento. Ao invés disso, ficará em casa, sedentária, na televisão” – diz Coutinho.
De acordo com o especialista, é preciso considerar aspectos psicológicos, como estresse decorrente, por exemplo, do trânsito das cidades: “a pesquisa, que aponta maior prevalência de doenças crônicas em pessoas de baixa escolaridade, mostra ainda mudanças positivas nos hábitos do brasileiro“.
“Elas têm impacto a longo prazo. Ao controlar o fator de risco, não controla a doença hoje, mas na próxima década. A adoção de hábitos saudáveis deve ser incentivada a continuar” – lembra o cardiologista.