Quem tem filhos vive mais, diz estudo

Efeito seria resultado de uma rede de afeto incondicional

Helen Kent, ao centro, rodeada por filhos, netos e bisnetos formam a ‘grande família’, exemplo desse afeto crucial
Helen Kent, ao centro, rodeada por filhos, netos e bisnetos formam a ‘grande família’, exemplo desse afeto crucial

Mal soube que um novo bisneto nasceria daqui a sete meses, a niteroiense de origem inglesa Helen Mary Kent preparou para o bebê sete cabides forrados de crochê. A família com cinco filhos, nove netos e duas bisnetas a acostumou a ter uma rede de afeto robusta, o que pode ajudar a explicar, segundo cientistas, os 91 anos de vida.
De acordo com estudo do Instituto Karolinska, na Suécia, o simples fato de ter filhos já aumenta a expectativa de vida. A pesquisa mostra que essas pessoas tendem a viver de um ano e meio a dois a mais do que as que não procriaram.
Os cientistas não acreditam que esse efeito seja biológico, mas o resultado de uma rede de apoio amorosa crucial na vida adulta e na velhice, quando algo como uma queda pode ser mortal. Em geral, quem tem filhos é mais incentivado a procurar médicos e cuidar da saúde, além de ter mais chances de manter a mente ativa e fugir da solidão.
“Adoro ter muitas pessoas da família com quem conversar. Às vezes, tenho até que tomar água, de tanto que falo. Família pequena não proporciona aniversários, a companhia dos netos” – conta Helen, que mora com as filhas.
O estudo é o primeiro levantamento a mostrar que a prole tem efeito protetor.
“O apoio de filhos a pais idosos é importante para garantir a longevidade. Na idade avançada, o estresse da paternidade e da maternidade é menor. Os pais podem se beneficiar do apoio de seus filhos” – diz Karin Modig, autora principal do estudo.

Diferença entre sexos

Os cientistas estudaram registros de quase 1,5 milhão de pessoas que nasceram em 1911, observando quando elas morreram e se tiveram filhos. O risco de morte foi crescendo com o aumento da idade, independentemente de os indivíduos serem pais ou não. Porém, a expectativa de vida se mostrou maior entre os que tiveram filhos.
O estudo concluiu que as mães viveram em média 84,6 anos, enquanto a expectativa entre mulheres sem filhos foi de 83,1 anos. A diferença é ainda maior para os pais: 80,2 anos de vida, comparado a 78,4 entre os sem filhos.
A conclusão do levantamento contradiz estudos anteriores que sugeriam que, pelo menos para as mulheres, ter filhos poderia reduzir a expectativa de vida, já que o tempo destinado a atividades físicas é desviado para a reprodução.

Dicas para envelhecer bem

Exercite-se: Não é segredo que para uma vida saudável atividade física é fundamental. O hábito pode prevenir doenças cardiovasculares, sobrepeso e dores. Procure um esporte que tenha mais a ver com você, como dança ou caminhada, para não desanimar. Tenha acompanhamento médico.

Boas energias: Afastar pensamentos negativos pode trazer mais resultados do que você imagina. Ser otimista mantém a cabeça leve, disposta para as atividades diárias. Procure evitar ainda estar perto ou conviver com pessoas que não te trazem uma energia boa. Cultive os bons fluidos.
Tenha amigos: Uma pesquisa da Universidade de Harvard mostra que o segredo para envelhecer bem não é apenas sinônimo de práticas saudáveis, como boa alimentação: é a qualidade das relações que se desenvolve ao longo da vida. Invista nos bons amigos.

Permita-se: Ninguém vive muito tempo se privando de coisas boas. Com equilíbrio e dentro das possibilidades, arrisque-se. Permita-se sair do roteiro do dia a dia, saia da dieta de vez em quando, fazer alguma coisa diferente. Coma seu prato preferido, busque atividades que te dão prazer.