Prefeito e secretário são afastados

Juiz da 2ª Vara Cível, deferiu o pedido de liminar

Em 2015, uma operação do Ministério Público apreendeu grande quantidade de dinheiro na residência e gabinete de Reinaldo Nogueira jornal nova metrópole
Em 2015, uma operação do Ministério Público apreendeu grande quantidade de dinheiro na residência e gabinete de Reinaldo Nogueira
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Na sexta-feira (21), Sérgio Fernandes, juiz da 2ª Vara Cível de Indaiatuba, deferiu o pedido de liminar do Ministério Público, afastando dos cargos, sem perda de remuneração mensal, o prefeito Reinaldo Nogueira e o secretário municipal de Administração, Núncio Lobo Costa, por ato de improbidade administrativa. “Notifique-se a Câmara Municipal de Indaiatuba, na pessoa de seu Presidente, da presente decisão a fim de que tome as providências cabíveis quanto à devida substituição do alcaide municipal enquanto perdurar a medida liminar deferida”, diz o juiz no texto da decisão.
Reinaldo Nogueira está afastado do Paço Municipal até dia 17 de novembro, após aprovação da Câmara. Com a liminar deferida, o prefeito licenciado está impedido de retornar ao cargo. “Releva destacar que o afastamento preventivo constitui-se como uma providência cautelar (provisória), dado que a perda do cargo, se for o caso, somente se dará com o trânsito em julgado de eventual condenação neste sentido, em tese”, completou a decisão do juiz.
De acordo com a denúncia da Promotoria de Justiça da Defesa do Patrimônio Público de Indaiatuba, através do promotor Michel Betenjane Romano, na terça-feira (18), “os réus uniram-se para prática de atos de improbidade na Administração Municipal”, com o comando de Reinaldo Nogueira, sendo que o secretário faria a intermediação nas negociações em um esquema de “cobrança de percentuais, junto a empreiteiras”, em obras licitadas. O valor cobrado em propina seria de 5% do total de cada intervenção.
Sérgio Mário de Almeida Filho, das empresas FCBA Construtora Ltda., FCBA Construtora Eireli e Almeida & Associados Construções e Empreendimentos Ltda, também é alvo da ação. Dados da Promotoria apontam que elas venceram licitações entre 2013 e 2015, com montante de cerca de R$ 40 milhões.
Segundo o Ministério Público, a cobrança do valor acontecia depois que a companhia vencesse a licitação de maneira legal. Após a disputa, era cobrada a propina para a obtenção de autorizações e procedimentos burocráticos. Caso isso não ocorresse, entraves em empreendimentos pendentes eram criados pelos réus. “Comprovou-se ainda, conforme o depoimento colhido pelo Ministério Público que empresários são pressionados diretamente para a feitura de tais pagamentos”.
Nos autos consta um detalhado depoimento do proprietário de uma empresa que venceu licitações municipais e teve como exigência o pagamento da ‘propina’ por Núncio.
Com início em outubro de 2015, uma operação do Ministério Público apreendeu grande quantidade de dinheiro na residência e gabinete de Reinaldo Nogueira. Para o MP, esse valor junto às anotações encontradas compõem fortes indícios de tratar-se de propina.
“Ambos os réus funcionários públicos utilizaram-se de seus poderes de forma indevida, a fim de obtenção de ganhos particulares e de enriquecer ilicitamente, seja através de exigências, seja através de solicitações. Se assim agiram, cometeram o ato de improbidade previsto pelo Art. 9º, I, da legislação citada”, informa nos autos.
Em resposta ao questionamento da Reportagem, a Secretaria de Governo da Prefeitura informou “a Prefeitura ainda não foi notificada e não teve acesso ao processo, que corre em segredo de Justiça”.
Reinaldo Nogueira Lopes Cruz chegou a ser preso no dia 23 de junho, em sua residência, durante a operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP), por suspeita de chefiar esquema de corrupção envolvendo desapropriações.

Núncio fazia intermediação nas negociações em um esquema de “cobrança de percentuais junto a empreiteiras” sirlene virgílio bueno - scs/pmi
Núncio fazia intermediação nas negociações em um esquema de “cobrança de percentuais junto a empreiteiras”
sirlene virgílio bueno – scs/pmi