Filme Selma recebeu duas indicações

Produção retrata a vida de Martin Luther King Jr.

Filme é baseado em bastidores do movimento negro nos EUA nos anos 60 mostrando a tensão e o caminho difícil até as mudanças
Filme é baseado em bastidores do movimento negro nos EUA nos anos 60 mostrando a tensão e o caminho difícil até as mudanças

Parece incrível, mas Martin Luther King Jr., um dos principais nomes na defesa dos direitos civis nos EUA, nunca esteve no centro de um filme lançado no cinema. Isso muda com Selma – Uma Luta pela Igualdade, de Ava DuVernay, que estreou quinta-feira (5) na cidade. Um ano depois de a segregação deixar de ser legal no país, Luther King Jr. (David Oyelowo) é uma das lideranças das marchas entre Selma e Montgomery, Alabama, em 1965, que defendiam direitos iguais de votação – artimanhas como o uso de documentos específicos ou testes de conhecimentos impediam que o número de eleitores negros inscritos fosse alto.
A primeira, no dia 7 de março, protestava contra a morte de um ativista negro desarmado, dias antes, e foi reprimida com violência. Dois dias mais tarde, houve novos confrontos, e Luther King Jr. achou melhor recuar. No dia 15, o presidente Lyndon B. Johnson, pressionado, apresentou ao Congresso a Lei de Direito de Voto. No dia 17, finalmente, os ativistas conseguiram completar a marcha até Montgomery.
Selma era cotado em várias categorias para o Oscar, inclusive para a diretora Ava DuVernay, que vem do cinema independente, e o ator David Oyelowo. Concorreu em duas: Melhor Filme e Canção Original. A falta de outras indicações gerou muitas críticas sobre a falta de diversidade da Academia. A produção, entretanto, venceu em apenas uma das categorias: Melhor Canção, com Glory, de John Stephens e Lonnie Lynn. DuVernay (diretora) conversou com o jornal O Estado de S.Paulo em Londres.

Como decidiu fazer o filme?
Eles me pediram. David Oyelowo tinha sido escalado por Lee Daniels para fazer o papel. Quando Lee Daniels saiu do projeto para fazer O Mordomo da Casa Branca, David se tornou um ator sem um diretor. Eu e ele nos conhecíamos porque fizemos um filme juntos alguns anos antes
(Middle of Nowhere, de 2012, pelo qual DuVernay ganhou o prêmio de direção em Sundance). David que me conseguiu o trabalho. É uma oportunidade e tanto para uma cineasta, ainda mais uma cineasta negra americana, cujo pai é de Lowndes County, Alabama. Meu pai viu as marchas quando tinha 11 anos de idade.
Ele viu?
Sim! E minha mãe trabalha em Selma. É muita coincidência que eles tenham convidado uma cineasta cujos pais são daquele lugar! Era para ser.
Qual era a coisa mais importante que queria retratar de Martin Luther King Jr.?
Que ele era um ser humano. Parece simples, mas o que as pessoas conhecem dele é o discurso ‘Eu tenho um sonho’. Não o veem como um homem, mas como uma estátua, um selo, um feriado, um nome de rua. Tentamos retirá-lo do mármore em que foi encerrado. E deixá-lo viver e respirar e ser um homem normal que fez coisas extraordinárias concluiu.