Doação de órgãos aumenta no Brasil

 Um ato de esperança para quem precisa de transplante

D oar um órgão significa garantir a sobrevivência de outra pessoa. A última edição do Registro Brasileiro de Transplantes, referente ao primeiro semestre deste ano e elaborado pela Associação Brasileira de Doação de Órgãos e Tecidos (ABTO), mostra que houve aumento de 11% nas doações. Apesar disso, o documento contabiliza que no país 32.956 brasileiros estão na fila de espera por algum órgão. Na quinta-feira (27) foi comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos e, para Deise de Boni, coordenadora do Serviço de Transplante Renal do Hospital São Francisco na Providência de Deus, a data é fundamental para que o assunto seja debatido: “é muito importante que quem deseja ser doador de órgãos converse com seus parentes, porque são eles que autorizam a doação. É difícil a família contrariar um desejo que a pessoa tinha enquanto estava viva. O que falta muitas vezes é informação”.
Quando uma pessoa é constatada com morte encefálica se torna uma doadora em potencial. Ela, sozinha, é capaz de salvar mais de vinte pacientes que estão na fila de espera, podendo doar córneas, coração, fígado, pulmão, rim, pâncreas, ossos, vasos sanguíneos, pele, tendões e cartilagem.
“É preciso que a família tenha ciência dos protocolos da doação – diz Lucio Pacheco, coordenador do Serviço de Transplante Hepático do Hospital Quinta D’Or”.

DOAÇÃO EM VIDA
Também é possível ser doador de órgãos ainda em vida (veja abaixo), mas é preciso ser submetido a uma avaliação médica que constate que o organismo é capaz de manter suas funções vitais sem aquele órgão. O transplante pode ocorrer entre cônjuges ou parentes de até quarto grau com compatibilidade sanguínea. No caso de não familiares, a doação só acontece mediante autorização judicial.
O rim é o órgão que possui a maior fila de espera, mas também aquele que lidera o ranking de transplantes realizados no Brasil. Apenas este ano, 2.918 pessoas receberam o órgão, enquanto 20.523 continuam à espera.

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na fila

Para renais crônicos, o Dia Nacional de Doação de Órgãos é uma data de renovação da esperança de livrar-se de vez de máquinas para retirar as toxinas do sangue porque tem crescido, ano a ano, o número de doadores de órgãos e tecidos. Até lá, o importante é seguir o tratamento corretamente e manter-se em boas condições clínicas para, quando chegar a vez na fila, poder submeter-se ao transplante.
O que não pode ocorrer a quem faz hemodiálise é quando, finalmente for chamado para o transplante, as condições de saúde não permitirem submeter-se ao procedimento. Por isso, um tratamento de qualidade, com a individualização da terapia, tecnologia de ponta e equipe multidisciplinar, ajuda. “Eu faço hemodiálise há dois anos. Comecei com sessões três vezes por semana. Mas desde que vim para a Renal Quality, em Jundiaí, faço hemodiálise todos os dias, exceto aos domingos. Tenho o suporte da equipe multidisciplinar da clínica e me esforço para fazer a dieta conforme é preciso. E com essa mudança, além da minha qualidade de vida ter melhorado, meus exames estão sempre com os indicadores dentro do que é necessário para poder fazer o transplante. Ou seja, estou pronto para o transplante! Tenho uma vida praticamente normal – só não posso trabalhar porque meu trabalho é pesado”, conta Dimas Kamatsu Varanda, 43 anos, que há um ano está na fila de espera.
Kleber Polon, de Caieiras, 39 anos, é outro renal crônico que aguarda transplante fazendo hemodiálise e afirma que a terapia lhe devolveu qualidade de vida. “Em 2016, passei muito mal. Fui internado três vezes e em uma delas fui parar na UTI. Depois que comecei a hemodiálise, com quatro sessões por semana, minha vida é outra. Não passo mal. É um procedimento desgastante sim, mas quando se tem um serviço de ponta, profissionais excelentes que atendem com todo o cuidado, como aqui na Renal Quality, o resultado é muito compensador. Atualmente, faço tudo o que gosto. Só não estou trabalhando por causa do tempo que as sessões de hemodiálise tomam. Consigo levar uma vida normal aguardando o rim. É só controlar a ansiedade para o transplante”, brinca ele, relatando que tem se segurado para não consultar com muita frequência sua posição na fila.
Flávio Nishimaru, nefrologista da Renal Quality, explica que os renais crônicos têm à disposição dois grandes avanços no tratamento. “O primeiro é a individualização da terapia, conforme a necessidade de cada paciente, ao invés do padrão de três sessões por semana. Após avaliar o paciente, o nefrologista indica a modalidade de diálise, a frequência e a duração da sessão de forma individualizada. O paciente faz o número de sessão que realmente precisa, podendo ser diária, de menor duração. Isso representa tratamento mais frequente e ainda um ganho de qualidade de vida porque o paciente consegue mais tempo para manter sua rotina diária sem grandes mudanças”, afirma.