DIALOGANDO SOBRE: Quem meu filho ‘puxou’?

Carolina Baratto da Cruz Kassabian
Psicóloga e Psicopedagoga CRP 06/84907

Mês passado conheci uma mãe muito preocupada com seu filho, enquanto fazíamos um curso. Ela dizia que o rapaz era arrogante em seus relacionamentos e que isso o impedia de ter boas amizades, “afinal de contas não é fácil ser amigo de alguém que sempre irá se achar melhor do que você”, dizia ela.
Em seu desabafo, contou-me que ele era assim desde pequeno e que não entendia o motivo, pois ninguém da família era desse jeito, então não sabia a quem ele havia puxado. O curso terminou e voltei para casa refletindo sobre a conversa, pois relatos como esse são comuns no consultório. Muitos pais não conseguem saber como a personalidade do filho se formou. Mas normalmente tudo começa na família.
Quando uma criança nasce, automaticamente, passa a fazer parte de um grupo familiar. Para pertencer a este grupo, a criança desenvolve muitas habilidades. Ela também começa a aprender as regras que operam na família e tenta segui-las, com a intenção de deixar claro que é um dos membros. Quase sempre, por medo de deixarem de fazer parte do grupo, algumas assumem características que garantam seu lugar junto aos familiares.
Assim, filhos arrogantes, medrosos ou irresponsáveis, muitas vezes o são por necessidade de sobreviver e pertencer ao grupo familiar. São crianças que, ao longo do seu desenvolvimento, entenderam que para fazer parte daquela família eles precisariam apresentar determinado comportamento. Talvez não haja ninguém na árvore genealógica a quem um filho tenha puxado, mas há uma personalidade familiar que foi decisiva na construção de sua individualidade.