Bebês protegidos da zika

Remédios são testados em grávidas infectadas

Segundo o neurocientista, já há resultados promissores na proteção texto: Ludmilla de Lima | foto: AP
Segundo o neurocientista, já há resultados promissores na proteção
texto: Ludmilla de Lima | foto: AP

Responsável pelo estudo publicado na revista americana ‘Science’ que relaciona o zika vírus à ocorrência de microcefalia, uma equipe de pesquisadores do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) e da UFRJ testa, no momento, dez medicamentos já existentes para serem usados por grávidas infectadas. Um dos remédios, afirma o neurocientista Stevens Rehen, que lidera o grupo, já apresenta resultados promissores na proteção do tecido nervoso contra o ataque do vírus.
A pesquisa vem sendo feita com o uso de minicérebros criados em laboratório, que simulam o cérebro fetal em desenvolvimento nos primeiros dois meses de gestação. Como divulgado na ‘Science’,
uma das mais conceituadas revistas cientí-
ficas do mundo, os especialistas constataram que, em 11 dias após a infecção pelo zika, há uma redução de 40% no crescimento do minicérebro.
De acordo com Rehen, a expectativa do grupo, formado por dez pesquisadores, é lançar em até dois meses a descoberta de um remédio que possa ser usado por grávidas.
“Há dez medicamentos hoje sendo testados, sendo que tem a possibilidade de reduzir a morte celular causada pelo Zika. Se ele mexe com a replicação viral, não sabemos ainda. Precisamos de muitos outros testes para apresentar esse medicamento como uma possibilidade de utilização por mulheres grávidas”, afirma o neurocientista do Idor e da UFRJ.

Anvisa

O neurocientista Stevens Rehen explica que, como os testes são feitos com medicamentos já usados para outras doenças, caso haja um resultado positivo na sua aplicação contra a microcefalia. eles poderão chegar mais rápido às grávidas com zika.
“São medicamentos já aprovados na Anvisa. Seria como se houvesse um segundo uso para eles. Queremos agir de forma rápida e precisa para que se possa trazer para as mulheres grávidas uma redução de danos causados pelo vírus”, diz ele, que levou, com outros cientistas, 25 dias para descobrir a relação direta entre a microcefalia e o zika. “Esperamos que em dois meses tenhamos alguma pista sobre um medicamento voltado a essas mulheres para divulgar em uma revista científica.