A Entrevista entra em cartaz

Filme é estrelado por James Franco e Seth Rogen

Longa-metragem, que causou um ‘bate-boca’ entre os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte, tornou-se polêmico em 2014
Longa-metragem, que causou um ‘bate-boca’ entre os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte, tornou-se polêmico em 2014

Desde Ligeiramente Grávidos (2007), é a quinta vez que Seth Rogen e James Franco trabalham juntos. Vieram depois Segurando as Pontas, O Besouro Verde e É o Fim. A quinta parceria chama-se A Entrevista e virou um caso em Hollywood. Não houve filme mais comentado no final de 2014. Um crítico norte-americano chegou a dizer – é a primeira vez que um filme, ruim ainda por cima, ameaça deflagrar uma guerra.
A Entrevista é súmula das piadas dos anteriores. Ele conta a história de dois amigos, um produz e o outro faz entrevistas em um popular programa de TV. Descobrem que o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, é seu fã e agendam uma entrevista. Entra em cena a CIA, que invoca o patriotismo da dupla e os envolve em um plano de assassinato de Kim. Tal é o plot, a trama, como se diz. Coincidência ou não, as relações entre os EUA e a Coreia, que já não andavam boas, se complicam ainda mais.
Um grupo de hackers, que se autoproclama ‘guardiões da paz’, invadiu o servidor da empresa produtora e distribuidora Sony e divulgou e-mails pinçados das caixas postais de seus executivos. Críticas ao comportamento de Angelina Jolie, observações desagradáveis sobre Adam Sandler. A Sony, sentindo-se acuada, desistiu de estrear o filme e já se preparava para contabilizar o prejuízo de US$ 100 milhões quando houve um clamor na indústria. Artistas, políticos e jornalistas protestaram contra a empresa, sentindo que o direito à liberdade de expressão – uma das pedras de toque da Constituição dos EUA – estava ameaçado.
Até aí, a Coreia do Norte, embora protestando, jurava que não tinha nada a ver com a invasão do servidor e a divulgação dos e-mails. A Sony improvisou uma estratégia de lançamento – on demand -, A Entrevista virou hit no circuito paralelo. A exposição de mídia valeu ao filme uma pré-indicação para o prêmio Framboesa de Ouro, que destaca os piores do ano. A Entrevista foi indicado em categorias como filme, ator (Rogen e Franco) e dupla (os dois).
Parte da inteligência norte-americana está escandalizada com A Entrevista, considerando o filme um ato de prepotência dos EUA, que se consideram donos do mundo, a ponto de humilhar um país, mesmo que inimigo, e um governante vivo, mesmo que seja um ditador. Existem outros (ditadores) que são aliados, portanto intocáveis. Um plano da CIA para matar Kim Jong-un? Trata-se de um notório inimigo da ‘América’, mas daí a divulgar na TV as imagens de um sósia assassinado parece demais. Não contribui em nada para o precário equilíbrio do mundo, abalado por tragédias reais como o ataque do terror à sede do jornal humorístico Charlie Hebdo, em Paris.
Seth Rogen é a nova cara do humor dos EUA. Ator, roteirista e aqui codiretor (com Evan Goldberg), ele pratica a incorreção como norma. A questão é se A Entrevista justifica esse barulho todo. A fórmula é a da bro/buddy comedy, a comédia de amigos do peito, com velhas piadas de baixo-ventre. É como se Animal House encontrasse Rambo.