A busca pela autoaceitação

Quando a percepção dos defeitos supera as qualidades, algo está errado

Com a ajuda de outras mulheres, Alexia aprendeu a ter uma imagem melhor de si
Com a ajuda de outras mulheres, Alexia aprendeu a ter uma imagem melhor de si

A relação da estudante Alexia Chlamtac, de 23 anos, com sua autoestima nem sempre foi saudável. Entre altos e baixos, ela acabou aprendendo a se gostar e a se cobrar menos, mas não é fácil. Sua luta diária para superar o problema é também a de muitas pessoas que não têm uma imagem boa de si, comparam-se aos outros e ressaltam mais seus pontos negativos do que as qualidades.
“Quem tem baixa autoestima se vê de forma negativa, não se valoriza. Isso repercute em todos os setores da vida: profissional, amorosa e pessoal. Vai estar sempre buscando o reconhecimento do outro quando a maior parte dessa aprovação tem que vir de você” – observa a neuropsicóloga Joselene Alvim.
Ela lembra que há diferenças importantes entre uma crise de autoestima, que pode ser gerada por um momento traumático, como uma separação, por exemplo, e a crônica. Neste caso, a pessoa passa muito tempo nesse esquema de desvalorização. As origens do problema podem estar nas primeiras relações familiares da infância, que é quando, segundo psicólogos, a autoestima começa a ser construída.
“A pessoa não se vê merecedora, sente-se insegura e incapaz. Tem dúvidas constantes sobre si” – pontua a psicóloga Renata Bento.
Para recuperar a autoestima, a chave estaria na autoaceitação e no resgate do amor próprio, buscando um equilíbrio emocional e físico.
“É preciso estabelecer boas relações, buscar o autoconhecimento. Ter intimidade consigo mesmo e com suas emoções. A partir daí, descobre-se como se é e o que precisa para se gostar mais. Se não, como vai ser interessante para o outro?” – questiona Renata.
Se estiver difícil lidar com a situação ou demorando tempo demais para passar, aconselha-se buscar uma terapia.

Um papo entre amigas

As amigas Joana Cannabrava e Carla Paredes, do blog ‘Futilidades’, resolveram, há cerca de um ano, mudar o foco das publicações para um projeto que pudesse discutir a autoestima e seus desafios. Elas viviam momentos de autoconhecimento e passaram a dividir mais isso com as leitoras.
“A identificação foi e é total. Os textos sobre a minha relação com meu corpo mudam a delas. A gente propõe um olhar mais amoroso para si. Me choca ver meninas comuns, nem gordas ou magras, que só sabem apontar defeitos em seus corpos, com olhar rígido em dar conta de tudo, que têm que ser ótima no trabalho, boas mães” – conta Joana.
Hoje, o blog tem ainda um grupo no Facebook, que reúne quase três mil mulheres que trocam experiências pessoais sobre relacionamento, família e, claro, autoestima.

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Depoimento

Alexia Chlamtac, estudante, 23 anos,
achou forças em grupos nas redes

Sempre tive autoestima muito baixa. Cresci com críticas severas à minha aparência, inteligência. Desenvolvi transtorno de ansiedade. Há quatro anos, engordei 25kg e foi a gota d’Água para o pouco de autoestima que tinha. Não conseguia sair de casa. Em um ano e meio, minha avó e meu pai faleceram e meu namorado terminou comigo. Eu desmoronei. Depois de 15 dias no hospital, 15kg mais magra, resolvi que precisava viver a minha vida. Por mim. Com terapia e em redes de apoio de mulheres no Facebook, aprendi que preciso me cobrar menos, ser menos cruel comigo. Meu corpo é minha casa e tenho que cuidar dele para não depender da opinião dos outros.