A relação entre depressão, o frio e as baixas temperaturas

Depressão também pode entrar em cena nas mudanças climáticas bruscas

Nos últimos dias várias cidades do Brasil estão sofrendo com o frio e as baixas temperaturas.
Anualmente, cerca de 800 mil pessoas são diagnosticadas com câncer de fígado no mundo. No Brasil, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer de 2019, a neoplasia causou 10.902 óbitos, sendo 6.317 em homens e 4.584 em mulheres.

Casacos pesados, luvas, botas, entre outros acessórios de inverno, apesar de estarmos no outono, saíram dos armários.

Além disso, as doenças respiratórias também deram o ar da graça. Mas engana-se quem pensa que estes são os únicos personagens deste cenário de frio.

A depressão também entra em cena quando enfrentamos mudanças climáticas bruscas. E como o clima tem influência no humor, mesmo quem gosta de frio pode sentir impactos emocionais, principalmente se já possuírem uma leve tendência à depressão.

Sabemos que a depressão é considerada pela OMS – Organização Mundial de Saúde, como o “Mal do Século”. Ela atinge um número cada vez maior de pessoas e pode, se não for tratada, trazer consequências irreversíveis para a vida do indivíduo.

Muitas são as causas possíveis para esse transtorno: causas genéticas, estresse pós traumático, entre outros.

Porém, as mudanças de temperatura e, em especial, o frio intenso, pode contribuir para agravar quem sofre deste problema ou mesmo desencadear gatilhos que provoquem o surgimento da depressão.

Estudos revelam que uma pessoa ativa, em constante atividade física ou motivada com as tarefas cotidianas, ao se deparar com a baixa temperatura, poderá ter sua rotina de vida alterada a tal ponto que, sofrerá modificações em algumas áreas cerebrais responsáveis pelo equilíbrio e bem estar.

Visto que é, inevitável a alteração do humor que favorece os sintomas depressivos.

Isso acontece porque, em temperaturas drasticamente mais baixas, é natural que a movimentação do indivíduo seja reduzida.

Também podemos identificar a queda da energia, do ânimo e dos impulsos de vontade habituais.
Pois, é um período em que a lentidão do pensamento e o desânimo contribuem para que o indivíduo sinta a necessidade do isolamento social.

Um dos fatores de intensa aplicabilidade no surgimento e potencialização da depressão. Além disso, neste período sazonal do ano, também temos as baixas luminosidades.

Em alguns momentos do dia, o sol frio desaparece, o céu fica escuro e parece que a noite se antecipou. Mas um indicativo clássico da manifestação depressiva. A explicação biológica para este fenômeno é a detecção da baixa luminosidade por algumas áreas específicas do nosso cérebro, o hipotálamo e o pineal, que também regulam o ciclo de humor no organismo.

A falta de luminosidade também causa mudanças na melatonina, hormônio secretado pelo cérebro durante a noite e inibido pela manhã, quando o sol nasce. Por isso, as pessoas permanecem no padrão noturno, o que causa sonolência, cansaço, irritação, tristeza e fome maior do que o normal.

Enfim, como evitar esse desânimo ou tristeza nesses períodos?
O ideal é fazer caminhadas ao ar livre bem agasalhado, sem desanimar e deixar a preguiça de lado e apostar nos exercícios físicos, que estimulam a liberação de endorfinas, hormônio ligado à sensação de prazer, que vai melhorar o humor e afastar pensamentos negativos.

O importante é não ficar parado. Cancelar compromissos por conta do desânimo pode ser prejudicial a sua autoestima.

É preciso atribuir significados positivos ao frio. Portanto, tente ser otimista pensando em boas memórias dos momentos frios e em casos mais extremos, busque a terapia para encontrar um equilíbrio emocional.

Texto: Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista | foto: divulgação