Parar de fumar: SUS oferece tratamento gratuito em todo o país

É o Programa Cessação de Tabagismo, apoiado pelo Ministério da Saúde

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para quem quiser parar de fumar. Em São Paulo, o atendimento é feito por meio do Programa Cessação de Tabagismo, promovido pelo Ministério da Saúde, pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) e coordenado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES).
Na capital paulista, o tratamento é realizado nas unidades Básica de Saúde (UBS) e nos centros de Atenção Psicossocial (Caps AD). Nos demais locais do país, o Ministério da Saúde recomenda buscar a unidade de saúde mais próxima.

“O tabagismo é a primeira causa de morte evitável no mundo. As ações educativas, legislativas e econômicas no Brasil vêm gerando um aumento no número de pessoas que querem parar de fumar, o que evidencia a importância de priorizar o tratamento do fumante como uma estratégia fundamental no controle do tabagismo”, disse a coordenadora do Programa Cessação de Tabagismo na rede municipal da Saúde de São Paulo, Liamar de Abreu Ferreira.

O tabagismo é uma doença provocada pela dependência física à nicotina, e causa cerca de 50 doenças diferentes, como enfisema pulmonar, câncer e doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. No Brasil, mais de 160 mil mortes por ano são atribuídas ao tabaco, segundo dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde.

Tratamento
Na capital paulista, o tratamento para eliminar a dependência pelo cigarro ocorre em encontros semanais. São três meses de atendimento e um ano de acompanhamento. As sessões são coordenadas por profissionais de saúde.

Serão analisados a motivação do paciente em deixar de fumar, o nível de dependência física à nicotina, a existência de comorbidades psiquiátricas, e a necessidade do uso de medicamentos. São disponibilizados pelo SUS adesivos de nicotina, goma de mascar e pastilha, e cloridrato de bupropiona.

Meio Ambiente
Além dos prejuízos à saúde de quem fuma, o uso e o cultivo de tabaco também causam impactos no meio ambiente e nos trabalhadores de sua cadeia produtiva, aponta uma campanha lançada nessa semana pelo Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab) da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz). Na última terça-feira (31) foi comemorado o Dia Mundial Sem Tabaco, e os pesquisadores ressaltam que o desmatamento para o plantio e o descarte pós-consumo são graves problemas ambientais.

O Cetab foi designado como Centro de Conhecimento da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) da Organização Mundial da Saúde (OMS) em temas que dizem respeito à proteção do ambiente e da saúde das pessoas durante o cultivo do tabaco e a fabricação dos produtos derivados e no o apoio a alternativas economicamente viáveis à produção do fumo.

Destruição
“Segundo a OMS, estima-se que 1,5 bilhão de hectares de florestas já tenham sido perdidos devido ao cultivo do tabaco desde a década de 1970; hoje, 200 mil hectares de terra são desmatados todos os anos para este fim”, afirma a Fiocruz. “Em muitos países, é a mata nativa que segue sendo destruída. Ao mesmo tempo, solo, ar e água são poluídos, especialmente devido ao uso de agrotóxicos.”

A campanha alerta que, por ano, 766,5 mil toneladas de bitucas de cigarro são despejadas no meio ambiente e que seus filtros estão entre os tipos de lixo plástico mais comum nos oceanos.
Mais de 90% dos produtores de tabaco do Brasil estão na Região Sul e têm pequenas propriedades

Outro ponto levantado é a exposição de agricultores a agrotóxicos e à nicotina presente nas folhas verdes do tabaco, que também causa problemas de saúde.
De acordo com o pesquisador Marcelo Moreno, 11,2% dos casos de intoxicação por agrotóxicos agrícolas no Brasil ocorreram na fumicultura, à frente de 8,5% da soja e 7,6% do café.

Texto: Agência Brasil | Foto: Martine Perret/ONU