Uma cidade cheia de estilo – Tóquio

Hotel Laticastelli é ponto de partida para conhecer vinícolas

26---Tóquio

Ás portas da primavera, que começa em alguns dias no Hemisfério Norte, cerejeiras por todo o Japão se cobrem de delicadas e efêmeras flores em vários tons entre o branco e o rosa. Não à toa, é a época em que mais turistas chegam ao país. Nos outros períodos, como o outono em que estive na capital, Tóquio, a pouca presença de ‘gringos’ faz uma brasileira morena e de cabelos cacheados, meu caso, chamar a atenção por onde passa. Alguns dos reservados japoneses chegam a pedir para tirar foto.
Apesar da timidez (para os nossos padrões) que os caracteriza, do idioma tão diferente e de não serem tantas as pessoas que falam inglês, os moradores são solícitos. É com ajuda deles, dispostos até mesmo a mudar o próprio trajeto para acudir o forasteiro, que você reencontrará seu caminho quando se perder, o que vai acabar acontecendo às vezes.
No bairro de Akihabara, o da tecnologia, dos cosplays e dos animes, gestos foram suficientes para que mãe e filha entendessem que eu precisava chegar a uma entrada específica da estação de metrô. Sem palavras, elas me levaram até lá e ainda esperaram, acenando, que eu descesse pela escada rolante.
Em outro momento, no sudoeste de Tóquio, ao desembarcar na estação de metrô Yoyogi-Koen, quando era para ter descido na seguinte, Yoyogi-Uehara, percebi o erro já na rua. Estava à procura de um restaurante especializado em saquês. Uma mulher de máscara cirúrgica – acessório comum no Japão durante os meses frios – parou seu trabalho de limpar uma fachada para responder, em inglês, que não conhecia o tal restaurante, mas me ajudaria a procurar no Google.
Masami Dshibashi, de 59 anos, ainda me convidou a entrar em seu comércio para fugir do frio de 6 graus, depois fechou a loja e tomou o metrô comigo. E foi assim que ganhei uma companhia para o jantar, uma amiga e um guia especializada em saquês.

Ruas de comércio abrigam também templos religiosos
Ruas de comércio abrigam também templos religiosos

CORES E VALORES
Tóquio, a cidade com o maior cruzamento do mundo, uma rede de metrôs e trens de ponta a ponta e arranha-céus capazes de suportar fortes tremores de terra também é a terra dos templos, dos jardins e dos deques.
Na capital japonesa, é possível viver o fervor da cidade e também a sutileza das tradições milenares. Ruas de comércio fervilhante abrigam templos silenciosos. Convivem o respeito inquestionável ao próximo e o comportamento rígido com a expressão da individualidade e a exibição de estilos que caracterizam o moderno bairro de Harajuku, onde jovens usam perucas coloridas e vestidos de boneca.
Ao mesmo tempo em que há superlotação de pessoas, tudo flui. Quase não se escutam buzinas no trânsito, as pessoas são cordiais no transporte público e nem mesmo chuvas e pequenos terremotos (sim, eles ocorrem!) tiram a rotina do eixo.
É um lugar onde a engenharia se desenvolveu tanto a ponto de todos os espaços possíveis serem ocupados: nas torres comerciais, em lojas e até nas estações de metrô, o subterrâneo esconde
shoppings gigantescos, que descem muitos andares abaixo da superfície.
Em poucos dias é possível visitar os principais cartões-postais da cidade, como as ruas agitadas de Shibuya e Shinjuku, com seus bares e karaokês, e o templo de Asakusa. Ao longe, na Tokyo Skytree ou no deque do Museu Mori Art, em Roppongi, a vista é do Monte Fuji, revelado em meio ao emaranhado dos prédios.
No interior de um dos maiores templos da capital japonesa, o Meiji Jingu, domingo é dia de se aglomerar com os demais turistas para assistir a um tradicional casamento xintoísta ou desacelerar no reservado jardim
interno.
Nos bares, os japoneses revelam um surpreendente lado divertido e chegam mesmo a conversar com turistas das mesas vizinhas. Também é em Tóquio que se aprende que o Japão é terra do saquê e da cerveja. Os japoneses apreciam a bebida e possuem excelentes marcas.
Durante o jantar que acabamos compartilhando exclusivamente por conta de sua boa vontade em ajudar, a comerciante Masami Dshibashi resumiu a acolhida japonesa: “por favor, conte na sua reportagem que o Japão é um país de povo amigável, humilde, que quer ajudar”.
Só por esse bom tratamento já compensaria viajar para o outro lado do mundo. Visite Tóquio, coloque-o na lista de lugares a conhecer.