Estudos contra o câncer focam em ‘jogadas’ genéticas

Ações terapêuticas são o caminho para driblar a doença

texto: Danielle Abreu/infoglobo | foto: divulgação

“É preciso jogar xadrez com o câncer”, afirmou Dieter Weinand, presidente farmacêutico da Bayer, durante o encontro anual da empresa com a mídia, no fim do ano passado, em Berlim. A frase tenta resumir o foco dos estudos voltados ao tratamento da doença hoje no mundo: o máximo controle possível do câncer, até em estágios mais avançados. Assim, mesmo sem uma cura à vista – que já ocorre em mais de 50% dos casos no Brasil, segundo a Fundação do Câncer” -, o paciente tem aumento da sobrevida.
“Fazer uma ‘jogada’ terapêutica, muitas vezes, é o caminho para driblar a doença. Há casos em que você estende a vida por 4 a 5 anos, quando antes esse prazo era de, no máximo, seis meses” – disse a gerente médica da Bayer no Brasil, Fabíola Puty, ressaltando, no entanto, que, para isso, é preciso entender a assinatura genética do tumor, o que é bem complexo.
Para o cirurgião oncológico e diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni, o câncer já deve ser considerado uma doença crônica e não aguda.
“Com os estudos de biologia molecular, de genética e de oncogenética sabemos que, quando falamos de câncer de mama, por exemplo, há diversos subtipos moleculares diferentes e, com esse conhecimento, é possível sintetizar medicamentos para essas alterações genéticas” – afirmou.
Maltoni ressalta ainda que os desafios da cura do câncer hoje estão relacionados, principalmente, ao diagnóstico e à comunicação.
“Nos países em desenvolvimento há muita desinformação, muitos mitos. O diagnóstico não é um atestado de óbito. Também é fundamental lembrar da importância de cuidar da própria saúde, de se alimentar adequadamente, evitando consumo excessivo de carnes vermelhas e bebidas alcoólicas, e não fumar. Quanto mais precoce conseguirmos detectar, melhor a chance de tratar de maneira adequada”.