Drama, 7 Dias em Entebbe chega às telonas

Filme retrata um histórico sequestro ocorrido em 1976

Em 4 de julho de 1976, soldados israelenses invadiram um terminal no Aeroporto de Entebbe, na Uganda, onde passageiros de um avião sequestrado da Air France eram mantidos como reféns por terroristas afiliados à Frente Popular de Libertação da Palestina. O líder da missão foi Yonatan Netanyahu, irmão mais velho do atual primeiro-ministro de Israel.
Em um ano, nada menos que três filmes sobre o ataque foram divulgados, dois deles em redes de televisão americanas. O elenco agregado desses projetos é uma enciclopédia virtual de celebridades dos anos 70, um surpreendente compêndio de pessoas que já participaram do evento. Em ‘Resgate Fantástico’ (Raid on Entebbe) de 1977, Yitzhak Rabin, o primeiro-ministro israelense, foi interpretado por Peter Finch, e o líder ugandense, Idi Amin Dada, foi representado por Yaphet Kotto, além de Charles Bronson como o Brig. Gen. Dan Shomron. Se você prefere Burt Lancaster como Shimon Peres (ministro da Defesa de Israel na época do incidente) junto de Linda Blair, Kirk Douglas e Elizabeth Taylor, você poderia optar por ‘Vitória em Entebbe’ (Victory at Entebbe) de 1976. ‘Operação Thunderbolt’ (Operation Thunderbolt) de 1977, com um elenco predominantemente israelense tinha Klaus Kinski como um dos sequestradores.
O longa de José Padilha, é um filme de ação razoavelmente eficiente, é tanto uma atualização quanto um retrocesso. Ele apresenta um conjunto internacional de atores conhecidos interpretando figuras históricas reais e tenta equilibrar a sobriedade geopolítica com um thriller de suspense sensacionalista.


O brasileiro José Padilha, diretor de filmes como ‘Tropa de Elite’, a refilmagem de ‘RoboCop’ e o excelente documentário ‘Ônibus 174’, equilibram um pouco da pompa e rigidez daqueles velhos filmes feitos para a TV com o enxuto, politicamente objetivo dos filmes recentes sobre o terrorismo dos anos 70.
A história prossegue, dia após dia, desde antes do sequestro até o resgate. Histórias paralelas se desdobram, cada uma mostrando as tensões e divisões dentro de cada um dos lados. No avião e no terminal – e em alguns flashbacks – vários dos militantes expõem suas dúvidas e debatem táticas e ideologias. O foco não está nos palestinos, mas em Wilfried Böse (Daniel Brühl) e Brigitte Kuhlmann (Rosamund Pike), esquerdistas alemães associados ao grupo Baader-Meinhof e atraídos pela causa palestina. Wilfried sente algumas dúvidas sobre as implicações de ser um alemão segurando judeus à mira de uma arma, enquanto Brigitte mantém um ar de crueldade.
Enquanto isso, Peres (Eddie Marsan) e Rabin (Lior Ashkenazi) estão envolvidos em uma complicada batalha de desejos. Peres, retratado como um linha-dura não sentimental – um interessante contraste com sua reputação pacifista posterior – pressiona o primeiro-ministro, um homem mais emocional e indeciso, para aprovar uma operação militar arriscada. Rabin, preocupado com a segurança dos reféns e com seu próprio futuro político, aborda a ideia, anteriormente tabu, de negociar com terroristas.
À medida que se aproxima o momento decisivo, Padilha usa uma performance de dança – de uma empresa que inclui a namorada de um soldado israelense – para ampliar o suspense e variar a textura visual do filme. É um conceito meio eficaz, demonstrando sua habilidade em dar andamento e corte, e aliviar um pouco da claustrofobia das tensas cenas internas em Entebbe e Tel Aviv. Mas a coreografia também enfatiza a superficialidade do longa, que aponta para a relevância sem encontrar um ponto de vista político ou histórico coerente.
O que deveria se desdobrar como um capítulo inquietante de uma longa e trágica história – ou um conto de crueldade e heroísmo – parece mais um velho programa de TV.