A segunda vez do amor

Número de mulheres que se casam novamente após primeira união cresce no país

Rita Gabrielli e Berilo Jorge

“E eles foram felizes para sempre”. A frase tão comum em histórias infantis nem sempre pode ser usada para falar de casais da vida real. Por diversas razões, relacionamentos terminam. A partir daí, o lema é um só: “seguir em frente e recomeçar”. Foi assim que a leitora Rita Gabrielli, deu a volta por cima e, após o fim de uma união de 15 anos, encontrou um novo amor e se casou novamente.
“Não queria repetir a experiência do meu primeiro casamento. Pensava que, se fosse para casar de novo, tinha que ser o príncipe encantado, alguém que abrisse a porta do carro, que fizesse o café da manhã… Me perguntava: “será que esse homem existe ?. Sim. E ele hoje é meu marido”, conta a leitora, que conheceu o empresário Beliro Jorge quando tinha 45 anos.
Assim como Rita, outras mulheres têm se dado a oportunidade de encontrar a felicidade com outro parceiro. E a maturidade tem sido aliada nessa nova etapa. De acordo com o último estudo do IBGE, dos mais de um milhão de casamentos realizados no país em 2013, 8,5% eram de mulheres na faixa etária dos 45 a 49 anos. Se comparado com 2003, o aumento é de mais de 4%.
As histórias que você lerá a seguir provam que o amor pode acontecer a qualquer hora!

 

Angela Lages
Professora, 67 anos

Angela Lages e o marido Hideiyoshi Tamake. Personagens da Toda Extra

Viúva há 15 anos, encontrar um novo marido não estava nos planos de Angela. Para as amigas e pessoas mais próximas que perguntavam se ela não pretendia ter um novo relacionamento, a resposta estava sempre pronta: “se conhecer alguém agora, vou namorar pelo menos uns cinco anos”. Mas o destino pregou uma peça na professora aposentada. Foi durante um baile que ela conheceu o descendente de japoneses Hideiyoshi Tamake. A sintonia surgiu quase que imediatamente. Em quatro meses, eles foram morar juntos. A união, que já tem quase cinco anos, foi oficializada no cartório. “Eu digo que ele caiu de paraquedas na minha vida. Casar novamente não era algo que esperava. Mas estou muito feliz. Temos uma relação tranquila, bem gratificante. Se estou com preguiça, ele faz a comida. E vice-versa. Dividimos tudo”, revela Angela, que explica o lado bom de um relacionamento em uma idade mais madura: “”quando somos jovens, nós temos muitos sonhos e queremos realizar todos. Acho que é por isso que temos mais decepções. No segundo casamento, a relação é mais pé no chão. Vivemos a realidade”. Hideiyoshi estava se separando quando se apaixonou por Angela. “Foi uma situação inusitada. Não esperava conhecer alguém tão rápido. Mas temos uma união madura. O que os jovens se preocupam, como ciúme e insegurança, não temos mais”, diz o aposentado.

 

Maria cristina dos santos
Cuidadora de Idoso, 53 anos

 

Quando o casamento de 17 anos chegou ao fim, Maria Cristina não imaginava que encontraria um novo amor. Desempregada, ela foi vender salgados na loja em que o futuro marido trabalhava. Em pouco tempo, ele conseguiu o telefone dela. “Marcamos um encontro e estamos até hoje nos encontrando (risos). Já são quase 13 anos. Lembro que logo na segunda vez que nós saímos, eu conheci a família inteira dele. Estava separada há três meses quando fomos morar juntos. Não queria arrumar ninguém na época, queria ficar sozinha, mas aí apareceu o amor da minha vida”, explica a leitora. O marido, o operador de áudio Omir de Lima, de 52 anos, acredita que o encontro dele e da mulher estava escrito: “parecia que nos conhecíamos há mais de dez anos. Ela veio me completar”. Para as solteiras, Maria Cristina deixa um recado: “não desistam da felicidade”.

 

Rita gabrielli
Relações públicas, 49 anos

Rita Gabrielli e Berilo Jorge

O ano era 2010. Ela ia viajar a trabalho. Ele, de férias. O encontro casual foi no Aeroporto Santos Dumont. Foi preciso apenas alguns minutos para a troca de olhares virar um bate-papo, com a promessa de se falarem depois. A conversa passou então para o telefone e durou um bom tempo. “A gente demorou para sair pela primeira vez. Sempre acontecia alguma coisa que impedia. Lembro que, no nosso primeiro encontro, eu estava de chinelo e camiseta. Tinha acabado de fazer as unhas. Liguei para ele e então nos vimos. Foi algo bem natural. Aliás, a nossa história é assim mesmo. As coisas acontecem sem a gente planejar até hoje”, conta Rita, que alguns meses após conhecer Beliro, de 53 anos, já estava dividindo o mesmo teto. “Eu morava em uma casa em jacarepaguá, e ele, em um apartamento na Tijuca. Não foi fácil levar todas as minhas coisas (risos). A casa dele que antes era toda em tons pastel, hoje é colorida por minha causa. Encontrar o Beliro foi uma surpresa na minha vida. A verdade é que ninguém se prepara para o amor, ele simplesmente acontece”, diz a leitora. Para o marido dela, o encontro deu um novo sentido para a vida. “A Rita agregou na minha vida, ela trouxe um novo conceito de família para mim. Os filhos dela (do casamento anterior) são meus filhos, assim como as minhas filhas são dela. Não esperava encontrar uma parceira como ela”, confessa Beliro. Juntos há cinco anos, o casal gostaria de fazer uma festa para celebrar a união. E Rita já sabe como será os detalhes: “penso em algo que não seja tradicional, em uma ilha quem sabe. E com as minhas netas como daminhas. Viver é muito bom’!.

 

Marilene Lopes de souza
Dona de Casa, 62 anos

 

Aos 47 anos, separada, Marilene estava decidida a encontrar um novo amor. Na época, ela morava em Copacabana e soube de umas meninas que estavam escrevendo uma revista sobre mulheres que estavam à procura de novos relacionamentos. Ela não pensou duas vezes e fez um perfil na publicação, que foi distribuída na Europa. “Recebi cartas de vários países, mas fiquei encantada com a de um italiano. Isso foi em julho de 1999. Em outubro, ele veio me conhecer. Tentou aprender português, e eu, italiano. Mas a linguagem do amor é universal”, afirma Marilene. Em dezembro do mesmo ano, ela se mudou para Vicenza, na Itália. Em agosto de 2000, ela e Orazio Novello oficializaram a união. No ano passado, o casal se casou na igreja. “Conhecê-la foi uma grande emoção. Cada dia é melhor que o outro”, diz o aposentado, de 70 anos.