Senhoras em baixa

Com a migração de clientes para os SUVs, vendas despencam

fotos: divulgação

A Volkswagen deve vender no Brasil, em 2015, a Golf Variant, mostrada durante o Salão do Automóvel, para ocupar a lacuna deixada pela perua do Jetta. Trata-se de uma novidade pontual em um segmento que está sofrendo com a migração de clientes para os utilitários-esportivos.
As vendas desse tipo de modelo não param de cair. De quase 5% do mercado há cerca de uma década, a participação despencou para pouco mais de 1% no ano passado.
“A perua perdeu seus maiores diferenciais. Agora há sedãs com banco traseiro rebatível e utilitários com a mesma capacidade de carga”, afirma o consultor da ADK Automotive, Paulo Garbossa.
A mudança se deu também por uma questão de estilo, segundo o consultor da DDG Luiz Carlos Augusto. “Conta pontos a favor dos jipes a imagem de ‘aventureiro’, ante um perfil familiar das peruas”.
Outro trunfo dos utilitários é a posição alta de guiar, que faz com que o condutor se sinta seguro no trânsito. “As mulheres adoram”, diz Garbossa.
Tanto que as peruas deixaram de ser ‘carros femininos’. Atualmente, quem compra esse tipo de veículo no Brasil são homens que precisam de capacidade de carga e não querem chamar a atenção, de acordo com Luiz Carlos Mello, do Centro de Estudos Automotivos.
No Brasil, os modelos remanescentes, derivados de compactos, vêm recebendo poucas mudanças, o que indica que as montadoras estão diminuindo suas apostas no setor. “Talvez a Fiat tenha rebatizado sua perua de Weekend para não ter de aplicar nela todas as atualizações feitas na família Palio”, diz Garbossa. Sua rival, a VW SpaceFox, ganhou apenas os retoques visuais do Fox.
“No país, a demanda por peruas é induzida”, diz Mello. “A fábrica mantém o carro em linha e convence a autorizada a levá-lo. É uma questão mais de oferta que de procura”.
Na Europa é diferente. “Como as vias são estreitas, quem quer um carro maior prefere a perua”, diz Augusto. Além disso, há clientes fiéis para modelos de marcas premium, como Audi e Mercedes-Benz, que, aliás, lançará a nova Classe C Touring no Brasil em breve.
Isso indica que as peruas devem sobreviver no país como modelos de nicho. “As montadoras vão vendê-las até o mercado dizer claramente que não as quer mais”, afirma Mello.

 

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