Saga, estreia Star Wars: Os Últimos Jedi

‘Star Wars: Episódio IX’, sequência é esperada para 2019

Fotos Divulgação

É a pergunta que não quer calar – quem é esse Rian Johnson? Roteirista e diretor de Looper – Assassinos do Futuro, realizador de episódios (dois) da série Breaking Bad, nada o creditava especialmente para ser um dos grandes diretores da série Star Wars. Mas ele é – pode parecer exagero, mas, desde Irvin Kershner e Richard Marquand, no começo dos anos 1980, com O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi, não se via nada tão bom na galáxia ‘far far away.’
Agora que você já tem a essência do texto, talvez seja bom parar por aqui e retomar depois de assistir a sensacional aventura que estreou quinta-feira (14). Olha o spoiler, gente. Nossos heróis estão divididos – Rey partiu em busca de Luke Skywalker e ele não nem um pouco receptivo a colaborar com os rebeldes. Poe Dameron participou de um ataque impulsivo que resultou em grandes perdas e é rebaixado por Leia. Finn partiu com a novata Rose em busca de Rey. E ela se aproxima perigosamente de Ben Solo/Kylo Ren, com quem consegue se comunicar telepaticamente. Ambos sentem a presença um do outro. Rola um clima.
De alguma forma, Rian Johnson tira a história dos trilhos para iniciar um novo ciclo. Embora já exista uma nova geração de heróis, a velha guarda da Força ainda é essencial, mas carrega as marcas do fracasso – Leia, Luke. O reencontro dos irmãos é emocionante – quatro lágrimas, se elas substituíssem as estrelas tradicionais dos quadros de cotações. Ambos fracassaram com Ben, e cada um carrega essa dor. A mãe, o tio.
Como. Por que Ben se rendeu ao lado escuro da Força e matou o próprio pai? Angustiada com a própria origem, Rey tenta decifrar esse mistério e é um dos fatores que a aproximam de Ben. Ele quer a aura dela para se fortalecer e iniciar nova linhagem do mal na galáxia. Como Ben/Kylo diz à garota – à última Jedi – ela veio da escória. Talvez seja o que a una a Finn. Ele veio da escória, e é seu orgulho. Diz isso à sinistra Capitã Phasma. Assim como é uma saga de sonhos desfeitos e esperanças renovadas, Os Últimos Jedi é extremamente caloroso nos afetos. Finn e Rey ficarão juntos? Pode estar surgindo um empecilho no filme, um redesenho das duplas, e dos afetos.
A saga Star Wars começou na segunda metade dos anos 1970 inspirada nas teorias do mitólogo Joseph Campbell. A primeira trilogia filmada conta a história da construção do herói, Luke. A segunda filmada – e que virou a primeira, na cronologia da história – era sobre a construção do vilão. Talvez viesse daí certa resistência. Não era tão boa, e é claro que contava o fato de os filmes terem sido realizados por George Lucas, e ele sempre foi melhor produtor que diretor – com a possível exceção de American Graffitti/Loucuras de Verão, de 1973.
Coincidência ou não, o império que se estabeleceu na galáxia distante começou a surgir no imaginário do público em um momento de transformação – a consolidação do liberalismo econômico. Combater o império virou a nova revolução. As forças do conservadorismo estão triunfando de novo em todo o mundo. Certo? Errado – acende-se, em Os Últimos Jedi, a fagulha com que Rey e seus amigos – olhem o spoiler – prosseguirão com o legado de Leia. A própria Carrie Fisher, um ano após sua morte, permanece como imagem, graças ao milagre do cinema. A esperança resiste. Que a Força persista com os que não desistem de sonhar.