O fim antes do começo – Casamento

Claras da vida real contam como encararam o desfecho

Maria Clara Medeiros de Mendonça e Albuquerque (Andréia Horta), de ‘Império’, viu seu noivado acabar no dia do casamento, com todos os convidados já presentes. Mas não precisa ser filha de comendador nem ter um sobrenome tão longo para se tornar protagonista de uma história dessa na vida real. Kristal Veloso, de 29 anos, Ana Luiza Mello, de 28, e Gabriela Lobato, de 31, estavam com todos os preparativos da festa em andamento quando se deram conta de que tinham fotógrafo, cerimonialista e maquiador a postos, mas não tinham mais noivo.
“Na boa, achei melhor assim. Porque ele (o ex-namorado) mostrou logo quem era, antes do casamento”, diz Kristal, que estaria trocando alianças no sábado (25).
Na novela das nove, Maria Clara teve a mesma linha de raciocínio quando afirmou para Enrico (Joaquim Lopes): “eu te agradeço por não se casar comigo, porque eu certamente ia ser a mulher mais infeliz do mundo ao seu lado”.
A psicóloga e terapeuta de casais Daniela Ervolino explica que as mulheres conseguem lidar melhor com um casamento desfeito a caminho do altar quando percebem que a situação trágica acabou sendo um golpe de sorte:
“O pensamento que mais acalma nessa hora é: não era para ser”.

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Kristal Veloso
Consultora de beleza, de 29 anos

 

Após dois anos de relacionamento, em fevereiro deste ano, Kristal e o namorado decidiram morar juntos. “Ele tinha me pedido em casamento e marcamos para 25 de outubro”, conta ela, que no fim de março descobriu um câncer no intestino: “tinha que fazer duas cirurgias, e ele me deu todo o apoio na primeira. Só que um mês e pouco depois, quando eu comecei a fazer as coisas sozinha, ele avisou que não queria mais casar. Fiquei estatelada. Já tinha feito até a prova das comidas da festa quando ele foi embora”.
Kristal conta que as pessoas a sua volta se revoltaram mais do que ela com a atitude do rapaz. “Não tenho raiva. Eu estava em um processo tão complicado com a doença. Tinha que me preocupar mais com isso do que com um homem. Quando alguém vive uma situação dessa, tem que sofrer um pouco e seguir em frente. Ser feliz é uma escolha”, opina ela, que já passou pela segunda cirurgia e agora faz uma quimioterapia preventiva: “Meu ex sempre liga para saber da minha saúde. Ele até tentou reatar, mas agora eu não confio mais”.

 

 

 

 

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Ana Luiza Mello
Engenheira, de 28 anos

A um mês do casamento de Ana Luiza, seu noivo soltou a bomba, enquanto ela se empolgava com os convites que tinha acabado de buscar na gráfica: “melhor parar de me mostrar porque eu não quero mais me casar”. Sem acreditar no que estava ouvindo, a engenheira mandou o namorado ir embora da casa dela. “Ele falou que chegou à conclusão de que estávamos indo muito rápido. Realmente, não tínhamos nem um ano de namoro, mas foi ele quem insistiu para não enrolarmos. No dia seguinte, eu o procurei e ele confirmou tudo. Depois disso, passei uns 15 dias tentando convencê-lo a continuarmos juntos, mesmo sem casamento. Mas ele estava decidido a terminar”, lembra Ana Luiza, que diz ter sofrido muito: “chorei, chorei, chorei. E achei que era a pior pessoa do mundo. Mas um dia fui a uma festa e acabei conversando com o meu atual marido. Naquela noite, fiquei com ele para esquecer o outro. Mal começamos a namorar, eu engravidei e, com cinco meses de relacionamento, fomos morar juntos”. No ano passado, Ana oficializou a união, mas sem festa. “Foi só um casamento no civil.

 

 

 

 

 

 

Dica da especialista

A psicóloga e terapeuta de casais Daniela Ervolino avisa que é importante que a mulher que se vê em uma situação como essa avalie se não é vítima do complexo de Hera. “Hera é a deusa do casamento, mulher de Zeus. Só que ela não é casada com Zeus, mas com o casamento. Há muitas pessoas que sofrem além do normal porque, na verdade, não sentem a perda do noivo, mas do status. Para elas, o que importa é ser uma mulher casada, exibir uma aliança. Por isso, há tantas mulheres que descobrem traições às vésperas do casamento e fingem que não descobriram”, explica Daniela, que ressalta também a necessidade de a pessoa entrar em contato com a dor na hora certa: “É um choque que não deve ser menosprezado. Então, o primeiro passo é reconhecer a decepção. Senão, mais à frente, a mulher pode somatizar isso com um câncer, uma síndrome do pânico…” O segundo passo, de acordo com a psicóloga, é a conscientização de que foi melhor que a separação ocorresse antes do casamento, de um filho, por exemplo. “Quanto mais a pessoa percebe que teve sorte, menos raiva ela sente do outro”.