Em busca do topo – civic vs cruze

Líder Corolla terá vida mais dura nos próximos meses

texto: Diego ortiz/ae | fotos: divulgação
texto: Diego ortiz/ae | fotos: divulgação

Faz tempo que o Civic figura entre a primeira e a segunda posições no ranking de sedãs médios mais vendidos do Brasil, tendo como rival apenas o Toyota Corolla. Isso fez o carro, ou melhor, a Honda se acomodar com a geração anterior, nada brilhante, e partir para um ataque pesado na décima, que acaba de chegar ao país e veio arrebentando. Só que, pela primeira vez em anos há um outro rival realmente forte, capaz de formar uma tríade poderosa no mercado. Prova disso é que, por 2 pontos, quem saiu vencedor deste comparativo é o novo Chevrolet Cruze e não o nipo-brasileiro.
Fruto de um projeto global vindo dos Estados Unidos, o Cruze evoluiu tremendamente em relação à sua antiga roupagem. É um carro com estilo, personalidade e coração.
Neste último quesito, o 1.4 turbo bem disposto deixou para trás, e com folga, o 2.0 aspirado do Civic. Em termos de prazer ao dirigir e esportividade, essas versões de Chevrolet e Honda são bem distantes (o Civic de topo, com seu 1.5 turbo de 173 cv, é outra história).
Com seu turbocompressor que faz com que o torque máximo de 24,5 mkfg surja a meros 2 mil rpm, o Cruze tem arrancada e retomadas muito mais vigorosas que as proporcionadas pelos 19,5 mkgf aos 4.800 rpm do Civic.
A potência do Honda é 2 cv maior que os 153 cv do Chevrolet (com etanol), mas aí entra outra virtude do Cruze: câmbio. Seu automático de seis marchas é rápido e curto, enquanto o CVT do Civic foca no conforto das trocas suaves e relações de marcha longas.
A direção com assistência elétrica em ambos é precisa e endurece na medida certa em velocidades altas. Embora tenha os mesmos 2,7 metros de entre-eixos, no Civic a frente mais longa e alta atrapalha um pouco ao atacar as curvas.
Seu vigia também é muito pequeno, sacrificado em nome do design, e reduz a visibilidade traseira. Freios e rigidez de carroceria são muito similares e bons nessa dupla, algo que não ocorre com as suspensões por pura questão de gosto. O Cruze é mais duro e com menos retorno de mola em buracos – no Civic essas sensações surgem de modo suave.
Todo o segmento pede alto, mas o Civic é mais ganancioso e, por R$ 98.400, a versão EX oferece menos equipamentos que o Cruze LTZ, a R$ 96.990. Para citar alguns, o Chevrolet tem a mais ativação automática dos faróis e limpadores de para-brisa, partida por botão (e acionamento do ar-condicionado) de forma remota, abertura da porta sem chave e o exclusivo (no país) serviço de concierge batizado de OnStar.
Se até a geração anterior o acabamento soava um tanto errante, agora o Cruze entrega o nível de requinte esperado para o segmento, em um conjunto na cor cinza, que é fácil de sujar, mas bom de tocar. No interior do Civic, tudo é preto e melhor que no Chevrolet.
O desenho dos bancos é mais aconchegante, o acabamento é mais requintado e a parte onde fica o sistema multimídia tem solução moderna. A Chevrolet achou por bem colocar no entorno da tela do multimídia do Cruze um plástico de aspecto mais pobre, erro que é visualizado umas 20 vezes por trajeto, no mínimo.
Além disso, o Cruze não é tão bem fornido quanto o Civic de (práticos) porta-objetos nem tem um console central que, embora possa parecer invasivo no primeiro momento, é muito útil no dia a dia. Mas nem tudo é perfeito: a entrada USB, que fica na parte de baixo desse console, é tão difícil de ser alcançada que essa tarefa é possível só quando o carro está parado.

Motor 1.4 gira bem rápido e permite excelentes respostas
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