Chega aos cinemas A Noite do Jogo

Híbrido de comédia e ação promete gargalhadas

Os diretores John Francis Daley e Jonathan Goldstein podem agora ser perdoados por lançar no mundo o desumano reboot ‘Férias Frustradas’. Três anos depois, eles ressurgiram com ‘A Noite do Jogo’, que pode não ser um clássico da comédia, mas arranca muitas gargalhadas, além de reviravoltas, para encantar o público e absolver os pecados cinematográficos do passado.
Com sua entrega natural e ‘tempo‘ impecável, Rachel McAdams canaliza os comediantes malucos de outrora como Annie. Ela aparece pela primeira vez em um bar, onde ela conhece e se apaixona por Max (Jason Bateman) quando os dois respondem corretamente a uma pergunta de Teletubbies simultaneamente. “Tinky Winky”, eles deixam escapar antes de fechar os olhos. O resto é história, como esses dois obsessivos por jogo se casaram e começaram a organizar uma festa semanal com seus amigos, onde eles comem salgadinhos enquanto jogam Charadas e outros esportes competitivos no sofá.
É uma boa vida – exceto pelos problemas de fertilidade, que o médico atribui ao complexo de inferioridade de Max com seu carismático irmão mais velho, Brooks (Kyle Chandler). Você pode ver porque Max se sente inferior. Quando seu irmão investidor chega à cidade, Brooks deprecia a casa de Max, o lembra de memórias mortificantes da infância e até tira sarro das escolhas de xampu de seu irmão. Então ele coopta as festividades semanais, hospedando os amigos de Max e Annie na mansão que ele está alugando, prometendo “uma noite de jogo para recordar”, completa com um prêmio exagerado: um clássico Corvette Stingray.


Brooks explica que ele contratou uma empresa para sediar uma festa de mistério, mas as coisas rapidamente saem dos trilhos: um casal de verdadeiros criminosos aparece e sequestra Brooks enquanto o grupo olha indiferente, maravilhado com a autenticidade do sequestro. Não demora muito para que eles descubram, no entanto, que Brooks não é o primeiro investidor da Panera e visionário de saladas que ele finge ser. Um perigo muito real está em andamento.
Comédias nos dias de hoje quase nunca são apenas comédias, e ‘A Noite do Jogo’ não é uma exceção. É uma comédia de ação híbrida com violência e ‘gore‘ que sem dúvida deixará os telespectadores envergonhados, começando quando Annie acidentalmente atira no braço de Max, e então se vira para o YouTube para se informar sobre como extrair a bala.
O roteiro, que foi escrito por Mark Perez, teve o êxito que filmes com temas semelhantes, como ‘A Noite é Delas’ do ano passado, não conseguiu, em parte, graças à sua dedicação ao desenvolvimento dos personagens. Os amigos de Max e Annie, interpretados por Kylie Bunbury, Lamorne Morris, Sharon Horgan e Billy Magnussen, cada uma faz suas próprias impressões distintas e envolventes e criam arcos de personagens individuais em meio à loucura, sem fazer a história parecer excessiva.
As piadas não são todas ótimas. O roteiro se baseia fortemente em referências da cultura pop – uma praga de quase todas as comédias recentes -, mas não é totalmente preguiçosa, com gags visuais bem-sucedidas. Jesse Plemons, enquanto isso, é hilário como um policial esquisito e assustador que mora ao lado e quer desesperadamente assistir às festas de Max e Annie.
O filme segue adiante, distribuindo pequenas reviravoltas na trama e acrescentando toques memoráveis, do modo como certas fotos – como a vizinhança de Max e Annie, por exemplo – se parecem com um tabuleiro de jogo para a música eletrônica propulsora e tensa de Cliff Martinez.
Como uma noite de jogo da vida real, o longa pode não deixar uma impressão duradoura, mas é muito divertida enquanto dura.