Campinas terá mais um hospital especialista

Cabeça e Pescoço

Instituto contará com 70% de seu atendimento voltado ao SUS

Construído com recursos de uma indenização pública milionária, o Instituto de Otorrinolaringologia & Cirurgia de Cabeça e Pescoço (IOU) foi inaugurado na última terça-feira (28) na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A unidade terá capacidade para 200 mil atendimentos e 4 mil cirurgias por ano, com 70% dos atendimentos voltados para o Sistema Único de Saúde (SUS) e 30% para o privado.

Verba
A construção do instituto foi iniciada em 2020 com verba oriunda de uma indenização por dano moral coletivo. O recurso é resultado de ação civil pública do caso Shell-Basf, um acordo assinado na Justiça do Trabalho para compensar a contaminação na planta industrial de agrotóxicos em Paulínia (SP). O valor foi de R$ 65 milhões.

O instituto, sem fins lucrativos, funcionará como um hospital-escola, com atendimentos, cirurgias, além de ensino e pesquisa. A instituição vai oferecer tratamento multidisciplinar com procedimentos modernos e cirurgias com métodos pouco invasivos, contemplando pacientes com câncer, com doenças do trato respiratório e otorrino (nariz, ouvido e garganta).

Estudantes
A unidade vai receber 130 estudantes da Unicamp por ano, tanto de medicina, como de fonoaudiologia, além de residentes de todas as partes do Brasil. O IOU vai contar ainda com um laboratório de genômica para desenvolvimento de pesquisas, que será coordenado pelo cientista especializado em genética Paulo Arruda. Haverá duas linhas de pesquisa: genética da surdez e a genética de cânceres de cabeça e de pescoço.

Entre os principais atendimentos a serem realizados no hospital estão: câncer de cabeça e pescoço, deficiência auditiva, criança traqueostomizada, doenças do equilíbrio, paralisia facial, disfagia, medicina do sono, doenças da cavidade oral, doenças da voz, deformidades esqueléticas da face, distúrbios da respiração, deglutição e fonação e comunicação.

Carência
“O Brasil era carente em centros de treinamento em técnicas cirúrgicas e procedimentos clínicos especializados, o que obrigava os maiores talentos locais a buscarem aperfeiçoamento no exterior. Agora o IOU já se posiciona como um dos principais centros de treinamento e capacitação de excelência na área de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do continente”, afirma Agrício Crespo, diretor do IOU e professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. A ideia é capacitar médicos em procedimentos capazes de oferecer o melhor do padrão internacional em assistência médica. “Somos a primeira instituição pública do Brasil a fazer cirurgias endoscópicas para câncer de laringe usando laser de CO2, que reduz o período de internação de 10 dias para 24 horas, além de facilitar enormemente o pós-operatório.. Ele é considerado um padrão-ouro internacional e é apenas um exemplo dos métodos inovadores adotados no Instituto”, exemplifica Agrício Crespo.

IOU em números

  • 200 mil consultas médicas/ano
  • 88.668 exames de apoio diagnóstico/ano
  • 4.320 cirurgias de portes variados/ano
  • 7.000 m2 de construção, em terreno de 11.000 m2
  • 30 consultórios médicos e para terapias complementares
  • 18 estações de treinamento em cirurgias videoendoscópicas e microcirurgias
  • 4 salas de cirurgias
  • 10 salas de procedimentos especializados
  • 3 consultórios odontológicos
  • 3 auditórios modulares com capacidade para 220 pessoas
  • 15 quartos para internação

Foto: Divulgação Unicamp