Após anos em crise, PCs passam por renovação

Legion é a nova linha de laptops para games da Lenovo

texto: Por Bruno Capelas/ae | fotos: divulgação
texto: Por Bruno Capelas/ae | fotos: divulgação

Foi um longo e tenebroso inverno – mas as primeiras flores finalmente começaram a brotar. Após pelo menos cinco anos com queda nas vendas, o mercado de computadores pessoais voltou a inovar neste início de 2017. Durante a CES 2017, feira de tecnologia que se encerrou no domingo (8), em Las Vegas, não foram poucas as fabricantes que apresentaram inovações em suas linhas de computadores de mesa e notebooks.
Entre os destaques, há PCs com telas sensíveis ao toque, com sensores para escanear objetos em 3D, além de uma preocupação maior com o design. Juntas, essas ideias mostram que os fabricantes mudaram a tática dos últimos anos, quando lançavam computadores praticamente idênticos, com poucas melhorias incrementais. “O mercado percebeu que tem de reagir de alguma forma”, diz Reinaldo Sakis, gerente de pesquisas da consultoria IDC Brasil. “Até 2020, a perspectiva de vendas de PCs é estável. Os fabricantes precisam trazer inovações que justifiquem a compra de um computador novo.”
É uma preocupação corrente na indústria de PCs: depois de começar a década com um pico histórico de vendas, o setor perdeu 27% de seu mercado de 2011 para cá – ou quase 100 milhões de aparelhos em termos absolutos, se as estimativas da IDC para o cenário global de 2016 se confirmarem.
Não há apenas um cul-

pado para tamanha queda. A popularização dos smartphones ‘canibalizou’ a tecnologia, depois que muitos usuários deixaram os PCs para navegar no celular.
Sem demanda, os fabricantes passaram a dar mais atenção para o mundo móvel e a inovação em PCs estagnou. Esses fatores aumentaram o intervalo de troca das máquinas. “Antes, as pessoas ficavam com o mesmo PC por até quatro anos. Agora, ficam por cinco, até sete anos”, diz Luciano Beraldo, especialista em notebooks da Samsung.

Retomada
O primeiro sinal de que uma reação estava a caminho foi dado pela Microsoft, em outubro de 2016. A empresa lançou três novos modelos de computadores pessoais da linha Surface. O Studio, um aparelho com tela de 28 polegadas e configurações inovadoras, foi feito para quem trabalha com design. “A Microsoft dirigiu seu público-alvo para criadores de conteúdo. É um dispositivo elegante”, disse ao jornal “O Estado de S. Paulo” o analista J.P Gownder, da consultoria Forrester, em outubro.
Com os lançamentos da CES, a impressão é de que a Microsoft não era a única empresa que tentava desenvolver algo diferente. E, de certa forma, o bom desempenho do Windows 10, lançado em 2015, contribuiu para acelerar a inovação no setor. “O Windows 10 é um sucesso”, diz Raquel Martinez, gerente de marketing da Dell no Brasil. “Agora, a indústria está aprimorando o hardware para que o usuário use 100% do sistema.”
Durante a CES 2017, a Dell foi uma das fabricantes que trouxeram mais surpresas. O Canvas, por exemplo, traz uma tela sensível ao toque de 27 polegadas no lugar do teclado físico tradicional. Ela pode ser usada como prancheta por profissionais de design. Caso o teclado seja necessário, basta ativar o virtual – como nos
smartphones. A HP lançou outro computador inovador: o ‘tudo em um’ Sprout Pro inclui um sensor de movimentos 3D e um miniprojetor.
Os aparelhos conversíveis – nos quais o teclado pode ser dobrado, transformando o aparelho em um tablet – também foram destaque na CES. Nessa seara, a Dell também acertou ao fazer o notebook XPS 13 quase virar do avesso. Os computadores mais básicos também ganharam designs mais refinados e materiais mais resistentes – como metal no lugar de plástico.
Além disso, empresas como Samsung e Lenovo lançaram suas fichas no mercado de notebooks para games. “Antes, o fã de games montava um computador com peças compradas na Santa Ifigênia”, diz Sakis.

na prática
Vale dizer que, apesar das inovações, muitos desses aparelhos chegarão ao mercado com preço alto, o que não fará deles candidatos a “campeões de vendas”. Apesar disso, computadores de alto padrão têm sua importância para a indústria. Além da margem de lucro maior, eles mostram a “força das marcas”, atraindo consumidores para outros produtos de menor valor agregado.
É importante salientar, porém, que muitas vezes as promessas feitas nas feiras podem não emplacar quando chegarem às prateleiras. No entanto, o que se viu nos últimos dias em Las Vegas mostra que o mercado ainda está longe de morrer. “O PC tinha perdido o glamour”, avalia Sakis. “Mas ainda não há um dispositivo tão bom para produzir conteúdo.”

os inovadores

Peso pena
O Gram, novo notebook lançado pela sul-coreana LG, não é para quem busca recursos mais modernos, como tela sensível ao toque. Mas pode ser a escolha perfeita para quem odeia ficar com dor nas costas ao carregar o computador. Trata-se do notebook com tela de 14 polegadas mais leve do mundo: ele pesa apenas 980 gramas. Apesar dessa grande vantagem, as primeiras análises da imprensa internacional sobre ele não foram tão boas: o acabamento deixa a desejar em relação a rivais, como o Macbook Pro, e a bateria dura poucas horas.

Só para gamers
Depois de anos em que os fãs de games precisavam ficar presos a um computador de mesa, finalmente começa a aparecer uma variedade maior de notebooks poderosos para esse público. Na CES, a Lenovo revelou dois notebooks da linha Legion. O melhor deles, chamado Y720, vem com processador Intel Core i7 de sétima geração, além de placa gráfica Nvidia GeForce GTX 1060, para garantir os melhores gráficos. Para quem é exigente na qualidade de imagem, é possível escolher uma versão com resolução Ultra HD (4K). O design, porém, é um ponto fraco.

Sósia
Para quem é fã do Macbook Pro, notebook da Apple, mas prefere o sistema operacional Windows, o Zenbook 3 Deluxe pode ser uma boa opção. Muito parecido com o rival, ele tem tela de 14 polegadas em um corpo compacto de metal, que o faz parecer menor do que é
O acabamento é bonito, mas o usuário pode ficar decepcionado com a resolução da tela. Apesar de boa, ela é menor que a do seu principal concorrente. A vantagem é que esse notebook vai chegar às lojas dos EUA com preço de US$ 1,7 mil – US$ 700 mais acessível que o concorrente.

Compacto
Na CES, a Dell pegou um de seus notebooks de maior sucesso, o XPS 13, e resolveu transformá-lo em um dispositivo móvel mais versátil. Para isso, a empresa o transformou em um conversível capaz de rotacionar sua tela totalmente, até encostar a tampa na traseira. O resultado é um tablet gigante, de 13 polegadas. Um dos destaques do aparelho, tanto na versão conversível como na tradicional, é a borda da tela de apenas 5,2 milímetros. Ela torna o design do produto mais parecido com o de um tablet ou smartphone do que com o de um notebook comum.

Talentoso
A HP, que já foi a maior fabricante de PCs do mundo, resolveu repaginar o seu ‘tudo em um’ Sprout Pro. O computador de mesa foi equipado com os processadores de sétima geração da Intel – a mais recente lançada pela fabricante de chips – placa gráfica e unidade de processamento gráfico (GPU). Não é isso que chamou mais a atenção dos visitantes da CES, mas sua capacidade de escanear objetos e transformá-los em imagens em 3D na tela do PC Além disso, há um projetor que exibe imagens em uma segunda tela interativa localizada no lugar do antigo teclado.

Nas nuvens
A sul-coreana Samsung também anunciou novos modelos de notebooks na CES. Mas em vez de computadores com sistema operacional Windows, os Chromebooks usam o ChromeOS, desenvolvido pelo Google. A diferença é que eles acessam os aplicativos no navegador de internet. Os novos modelos, que têm tela de 12,3 polegadas, podem ser convertidos em tablet. Eles também têm tela sensível ao toque e, caso o consumidor queira, é possível solicitar uma caneta ‘stylus’ para rabiscar na tela do computador. A bateria do aparelho, segundo a fabricante, é de oito horas.