Amazon prepara chegada da plataforma audible

Serviço permite ouvir audiolivros em diversas línguas

texto: Por Bruno Capelas/ae | fotos: divulgação
texto: Por Bruno Capelas/ae | fotos: divulgação

A Amazon começou negociações para trazer o Audible, serviço que permite ouvir audiolivros, para o Brasil. Segundo fontes do mercado editorial, a empresa já negocia com editoras locais para levar o conteú-
do dos livros físicos para o mundo do áudio. Além disso, a empresa abriu uma vaga de produção de áudio para seu escritório em São Paulo no projeto do Audible, sete meses após transferir Milton Leite da divisão responsável pelo leitor eletrônico Kindle para chefiar os negócios do Audible no país.
Segundo o jornal ‘O Estado de S. Paulo’ apurou, as negociações ainda estão em estágio inicial e não há previsão para o lançamento do serviço por aqui. “A Amazon está esperando para formar um bom catálogo em português antes de lançar”, disse uma das fontes, que preferiu não se identificar.
Por enquanto, a empresa tem oferecido às editoras um acordo para produção dos audiolivros em seu próprio estúdio, que está sendo montado em São Paulo. Em troca, exige exclusividade na venda dos volumes e uma fatia maior sobre o valor dos livros vendidos.
Acordos semelhantes já foram propostos por outras empresas do mercado nacional – como a Ubook, da Saraiva, e a startup TocaLivros. A diferença, segundo as fontes, é que a Amazon oferece relatórios de venda em tempo real, o que facilita a vida das editoras.
A gigante norte-americana também permite que as editoras produzam seus próprios audiolivros, mas essa é uma possibilidade com menor chance de sucesso. “Produzir um audiolivro é tão caro quanto fazer um livro físico, com a diferença que vende menos”, disse uma das fontes. “É um mercado que nunca pegou aqui, mas, com o direcionamento certo, pode conquistar o público que é acostumado a ouvir podcasts.”
Questionado em entrevista ao jornal no início do mês sobre a plataforma de audiolivros, o diretor-geral da Amazon no Brasil, Alex Szapiro, desconversou. “É um belo produto, mas não sei quando a gente vai lançar. Não sei se dá para fazer com o Audible o trabalho que a gente fez com livros digitais”, disse o executivo. Antes da chegada da Amazon ao país, no fim de 2012, o mercado de livros digitais era pouco significativo.
Não é a primeira vez, no entanto, que a Amazon menciona o serviço no país. Em sua apresentação no Congresso Internacional do Livro Digital, realizado em agosto do ano passado em São Paulo, Szapiro já exibia o logotipo do Audible em sua apresentação de slides. No exterior, o Audible é hoje um dos principais serviços da Amazon no segmento editorial, ao lado do leitor eletrônico Kindle e do serviço de streaming de livros Kindle Unlimited – os dois últimos já existem no Brasil.

Plataforma
Hoje, o Audible funciona no Brasil apesar de não ter tradução para o português, mas seu catálogo no idioma local é pequeno: são cerca de cem livros, a maior parte concentrada em títulos de autoajuda e clássicos da literatura mundial, como Shakespeare e Daniel Defoe. É pouco perto dos 5 mil títulos em francês, 3,5 mil em espanhol, 30 mil em alemão e 150 mil em inglês.
Criado em 1995 nos EUA, o Audible foi comprado pela Amazon, em 2008, por US$ 300 milhões. Trata-se do principal serviço de audiolivros dos EUA, com versões para PC, Mac, Android e iPhone. São mais de 200 mil títulos disponíveis para os usuários do serviço em todo o mundo – a Amazon não revela o número total de usuários. É possível assinar o serviço por US$ 15 por mês para baixar um ou dois títulos por mês, ou comprar em formato avulso, com preços entre US$ 1 e US$ 25.
No Brasil, o Audible pode ter dois concorrentes: o Ubook – sistema da Saraiva que funciona por assinatura de R$ 19,90 ao mês – e a startup TocaLivros, que também busca criar esse hábito no mercado brasileiro.