Alerta para obesidade oculta – Por fora, bela silhueta

‘Falsos magros’: atenção à gordura e aonde ela se deposita

Se você não entende (e tem até raiva) de quem só come besteira e não engorda, não se aflija. As aparências enganam e, por trás de uma bela silhueta, podem estar altos riscos de doenças compatíveis com a obesidade. Algumas das razões seriam altas taxas de gordura, como ela se acumula no corpo e a proporção entre ela e o peso total. Os aspectos, entretanto, não são avaliados pelo Índice de Massa Corporal (IMC) – usado para avaliar perfis nutricionais de populações.
Diante disso, o índice, que relaciona apenas peso e altura, não deve, alertam especialistas, ser o único medidor para avaliar um indivíduo. O ideal é aliar a outras ferramentas.
Segundo um artigo publicado na revista ‘Frontiers in Public Health’, em países desenvolvidos, até 90% dos homens, 80% das mulheres e 50% das crianças têm percentual de gordura prejudicial.
A verdade é que os ‘falsos magros’ podem até ter um IMC na média, mas também podem estar na faixa de risco.
“Quem tem alto índice de gordura visceral ou abdominal tem o mesmo risco de doenças cardiovasculares, diabetes e dislipidemia que obesos. Por outro lado, obesidade com distribuição e depósito de gordura em outras partes do corpo que não abdominal, podem ter boas taxas” – diz Ana Carolina Nader, chefe do Serviço de Endocrinologia do Hospital Federal dos Servidores do Estado.
A médica ressalta a importância de se medir a cintura abdominal para elevar acertos nos diagnósticos clínicos.
Para avaliar a composição corporal e ter indícios de problemas, o nutricionista Felipe Rizzetto diz que há várias ferramentas que estimam osso, músculo, gordura e água.

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Muita gordura e pouca massa magra?

As razões para explicar por que existem ‘falsos magros’ envolvem fatores genéticos e outros, relacionados aos maus hábitos, entre eles estão o consumo exagerado de produtos industrializados e gordurosos, e nenhuma atividade física.
Quem tem alto percentual de gordura e não aparenta, tem quantidade de massa magra inadequada – e para aumentá-la, precisa de exercício físico.
“Em regiões metropolitanas, o IMC normal, mas com percentual de gordura alto, tem relação com sedentários. No interior, isso ocorre pela carência nutricional: muita oferta de carboidrato e pouca de proteína. Esses fatores fazem com que não haja desenvolvimento muscular adequado” – observa Rizzetto, do Hospital Federal da Lagoa.
Entre as possíveis complicações de uma pessoa com IMC bom, mas altos índices de gordura e pouca massa magra, estão problemas metabólicos, hepáticos, cardíacos, aumento de lipidemia (gordura saturada no sangue), do colesterol e de triglicerídeos e até alguns tipos de câncer.

Como medir

IMC: Mesmo reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como a principal referência para faixas de peso, não deve ser o único parâmetro para riscos ligados à obesidade. Para medir, a fórmula é o valor do peso dividido por altura ao quadrado. Se o resultado for menor que 18, está abaixo do peso. Entre 18,5 e 24,49, normal. Entre 25 e 29, 9, tem sobrepeso. Se estiver entre 30 e 35, está obeso.
No consultório: É possível, com um aparelho que é como uma pinça, fazer medição de pregas cutâneas. São pinçamentos em locais específicos do corpo, como abdômen e coxa, para estimar o percentual de gordura.
Bioimpedância: Aparelho específico para medir composição corporal, emite laudo com IMC, massa magra, quantidade de água corporal e média de gordura por parte do corpo. Ajuda a tirar a dúvida do ‘falso magro’.