Aeróbico ou Musculação? Qual é o mais eficiente?

Treino adequado e um cardápio correto podem acelerar os resultados 

Por Evelin Azevedo/Infoglobo | Crédito foto: Divulgação

Os exercícios aeróbicos são os que mais atraem quando o assunto é perda de peso, mas, geralmente, eles vêm acompanhados de um treino de musculação em sequência prescrito por personal trainers e profissionais de educação física. Nessa hora, muitas pessoas questionam o motivo, afinal o objetivo é emagrecer e não ganhar músculos certo? É aí que muitos se enganam, pois, os exercícios voltados ao desenvolvimento da musculatura também contribuem para o emagrecimento e, se praticados da forma correta, podem alavancar os efeitos positivos de todos os esforços investidos.
Da mesma forma, aqueles que visam o aumento da massa magra costumam torcer o nariz para as atividades aeróbicas. O senso popular dita que esses exercícios não favorecem a musculatura, pelo contrário, prejudicam o desenvolvimento e retardam os resultados, mas será que é isso mesmo que acontece no organismo? De acordo com estudos, os aeróbicos são altamente benéficos para nossa saúde, especialmente a cardíaca, mas seus efeitos não param por aí, além de servirem como uma ótima forma de aquecimento pré-treino, eles ainda otimizam a respiração celular e favorecem o metabolismo.
Portanto, antes de decidir como encaixar essas modalidades à sua rotina, é preciso saber aonde se quer chegar primeiro, dessa forma, é possível alinhar ambas em prol de conquistar a composição corporal desejada.

Primeiro passo: definindo o objetivo

Perder peso ou ganhar massa? Essa é uma das primeiras questões indagadas quando alguém começa uma rotina de atividades físicas. Isso porque, o treino deve priorizar os exercícios que mais favorecem os efeitos almejados, portanto, antes de mais nada, é necessário traçar a meta principal. Para eliminar gordura os aeróbicos são muito indicados, pois eles são excelentes queimadores de calorias, já para ganhar massa magra e hipertrofia a musculação é a atividade ideal, mas isso não significa que um exercício elimine a necessidade do outro, o que irá variar são fatores como ordem, duração e intensidade, mas ambos podem ser combinados de maneira estratégica para impulsionar os resultados.

Gasto calórico não é o único fator indicativo
Independente da meta escolhida, os exercícios que fortalecem a musculatura, conhecidos também como anaeróbicos, devem estar sempre presentes. É verdade que os aeróbicos queimam mais calorias que a musculação, mas isso se limita apenas ao momento em que o indivíduo está realizando a atividade. Para uma análise correta, é necessário levar em consideração o gasto total diário, ou seja, a soma do quanto foi eliminado durante o treino mais a energia utilizada pelo corpo para se recuperar após os exercícios. Isso quer dizer então que, quanto maior for a intensidade do treino, mais energia o corpo requer para realizar sua reparação.
Isso significa que, por mais que a atividade aeróbica permita queimar um maior número de calorias na execução do exercício em si, a musculação permite prolongar essa queima durante todo o dia. O nutricionista Willian Reis, especialista em nutrição esportiva, explica que existe uma diferença entre gasto calórico e emagrecimento: “O primeiro consiste na queima de calorias promovida pela aceleração do metabolismo que é causada pela atividade física, já o emagrecimento se dá pelo deficit de calorias ao final do dia”. Segundo o profissional da Nature Center, o aumento no gasto calórico e o estímulo ao metabolismo resultam no emagrecimento.
Como o metabolismo reage
Reis explica que o exercício físico provoca alterações fisiológicas, como o aumento da temperatura corporal, da frequência cardíaca e da pressão arterial, o refluxo sanguíneo e de fluídos corporais, danos nos tecidos e, até mesmo, alterações hormonais. Mas, ao contrário do que muitos pensam, após a prática as taxas metabólicas do organismo não retornam imediatamente aos níveis de repouso. “O corpo leva cerca de 1 hora para se recuperar de um exercício aeróbico, mas após a musculação, o metabolismo continua com uma demanda energética elevada até 15 horas” – afirma o especialista.
Isso ocorre porque quando o músculo é submetido ao esforço intenso, suas fibras são destruídas, mas durante o período de descanso, o corpo trabalha para recompô-las, aumentando de tamanho, é aí que acontece o chamado ganho de massa magra, tornando os músculos mais fortes e resistentes. O nutricionista afirma que corpo exige mais calorias para realizar essa tarefa, e por isso mantém o metabolismo em um ritmo acelerado por mais tempo. Essa é a razão pela qual não se deve treinar o mesmo grupo muscular todos os dias, pois é preciso respeitar o tempo de descanso para a regeneração muscular.

A musculação é a melhor aliada
Segundo o nutricionista a musculatura é considerada um tecido metabolicamente ativo e o corpo exige um grande aporte de energia para realizar a manutenção das células desse tecido. Quando os músculos estão bem desenvolvidos essa demanda é ainda maior, porque eles aumentam nossa Taxa de Metabolismo Basal (TMB) – medida que define a quantidade mínima de energia usada para realizar as funções vitais do organismo enquanto o corpo repousa. A TMB elevada promove, consequentemente, a queima do tecido adiposo.
Essa taxa pode variar de pessoa para pessoa, de acordo com fatores como o sexo, altura, idade, genética, sedentarismo e a composição corporal, portanto, quanto maior o percentual de massa magra no organismo, mais acelerado será o metabolismo, pois cada quilo de músculo no corpo requer cerca de 100 calorias a mais por dia.
“Os músculos exigem um esforço maior do metabolismo em relação às células de gordura. Se compararmos uma pessoa com maior quantidade de massa gorda no corpo a outra com o mesmo percentual, só que de massa magra, há um aumento de cerca de 15 a 25% na aceleração do metabolismo” acrescenta Reis.

O aeróbico não deve ser descartado
A musculação, portanto, não só é o melhor caminho para a definição e hipertrofia, mas também é o exercício mais eficaz quando se trata de emagrecimento, no entanto, os aeróbicos não devem ser renegados, tanto por quem quer queimar gorduras, quanto por aqueles que visam a massa magra. A atividade aeróbica contribui para uma melhora na densidade, volume e quantidade das mitocôndrias, onde acontece a respiração celular e ainda colabora com a perfusão sanguínea, ou seja, otimiza o aporte de nutrientes para as células, o que é essencial para o processo de recuperação após o treino.
Além disso, a atividade impulsiona a queima de calorias durante a realização dos exercícios, contribuindo para a queima de gorduras localizadas, portanto serve como um excelente meio de aquecimento. Já para quem objetiva a definição muscular, a atividade é indicada após a realização do exercício muscular e pode ser feita com menos intensidade e em curta duração.

A balança não é a fonte mais confiável
De acordo com o nutricionista, emagrecer efetivamente significa eliminar gordura e elevar a taxa de massa magra, ou, no mínimo, mantê-la estável, portanto, perder peso na balança nem sempre é sinônimo de emagrecimento, pois, muitas vezes os quilos a menos podem ser sinais da eliminação de líquidos ou, até mesmo, da redução do volume muscular que é mais preocupante. “O processo saudável de emagrecimento consiste na eliminação de gorduras e não se resume apenas aos números da balança, pois eles, sozinhos, não significam nada, a análise é feita com base na composição corporal” – explica o nutricionista.

Dieta estratégica é fundamental
De acordo com Reis, apesar da extrema importância das atividades físicas, a maior parte dos resultados provém da alimentação correta e é justamente por isso que a dieta deve ser o foco de quem deseja enxugar a silhueta ou conquistar um abdômen sarado.
O cardápio não é igual para todos, aqueles que querem massa magra possuem mais variedades e flexibilidade, especialmente em relação às quantidades, já quem visa emagrecer precisa de um controle maior e mais moderação no prato. “Alguns alimentos podem auxiliar na aceleração do metabolismo, como os termogênicos: cafeína e chá verdade, por exemplo. Também é importante investir naqueles capazes de ajudar na reconstrução dos tecidos, como as proteínas. Além disso, existem alguns alimentos funcionais e suplementos que podem ser inseridos estrategicamente na dieta, impulsionando ainda mais os efeitos desejados, mas, vale ressaltar que, tanto na dieta, quanto na hora de aderir a uma rotina de exercícios, é fundamental contar sempre com a supervisão de um profissional habilitado”, finaliza o especialista.