Mitos e Verdades sobre ensino bilíngue

Educação desenvolve os lados cognitivo e social da criança

A educação bilíngue ainda gera muitas curiosidades e dúvidas. Em paralelo, cada vez mais famílias têm optado por esse ensino. Os motivos são distintos, mas o principal é facilitar a vida dos filhos que terão uma segunda língua como natural desde cedo. Segundo Ana Sgarbi, coordenadora do ensino bilíngue no Colégio Polo, muitos pais têm dúvidas e acreditam que a educação bilíngue desde cedo pode atrapalhar o aprendizado, quando não é verdade. “Muitos estudos comprovam o contrário. Os ganhos são muitos. Alguns deles estão na pronúncia: se a criança tem contato com uma segunda língua desde a primeira infância, reconhece e produz os fonemas de maneira muito mais natural, sem se preocupar com comparações com sua língua materna”, comenta.

Mitos e Verdades

• Educação bilíngue atrapalha o aprendizado: MITO
Pesquisas na área de neurociência mostram que iniciar a escolaridade em escolas bilíngues em nada atrapalha. Muito pelo contrário, a criança, quando exposta à segunda língua desde cedo, tem seu cérebro estimulado em diferentes regiões, o que possibilita conexões mais rápidas e naturais. Quando atinge a idade escolar avançada, essas conexões mais velozes vão possibilitar muitos ganhos pedagógicos.

• O ensino bilíngue desenvolve os lados cognitivo e social: VERDADE
Os ganhos acadêmicos são muitos: fluência na língua, naturalidade na comunicação, melhor compreensão de regras gramaticais e conexões mais rápidas. Mas os ganhos sociais também são bastante significativos. Crianças expostas a contextos bilíngues tendem a ser mais criativas, mais flexíveis e a desenvolverem habilidades de resolver problemas, mostrando uma mente mais aberta e respeitosa às diversidades.

• A criança também tem imersão em uma segunda cultura: VERDADE
Em um contexto bilíngue, o segundo idioma não é somente uma disciplina, nem só a língua usada para comunicação entre professores e alunos. Inevitavelmente, expressões e vocabulários específicos da língua em questão são trabalhados. Mas são trazidas também questões relacionadas à alimentação, vestimenta, brincadeiras, semelhanças e diferenças de modos de viver, pensar e organizar o mundo, tornando-se naturais para as crianças. Se pensarmos que a cultura é isso, então sim, crianças expostas à educação bilíngue têm contato com diferentes culturas.

• A criança pode esquecer a segunda língua aprendida senão treinada em casa: MITO
Pesquisadores da área da linguagem diferem ‘aprender’ de ‘adquirir’. Quando você aprende uma segunda língua, você domina questões gramaticais, sabe regras e usos. Porém, quando você adquire uma segunda língua, você desenvolve habilidades de se comunicar com um interlocutor, compreende e se fazendo compreender. Muito mais do que acumular informações, a aquisição de uma segunda língua requer interação significativa, natural e contextualizada, em situações reais de convívio.

• A educação bilíngue é mais fraca. MITO
Não existe uma só possibilidade de educação bilíngue e nem um só currículo a ser seguido. Como a escola se organiza para oferecer esse ensino, depende do tipo de aluno que a escola quer formar e onde quer chegar. “Se pensarmos, no entanto, que ser bilíngue é ser capaz de se comunicar em duas línguas, a grade curricular de uma escola deve proporcionar que os alunos sejam capazes de produzir e se comunicar nas duas línguas. Mas ela não deve alterar sua prática pedagógica. Seus ideais, suas características, seus alicerces serão os mesmos independentemente de ser bilíngue ou não”, esclarece Ana Sgarbi.