king kong
Famoso gorila enfrenta criaturas ameaçadoras

fotos: divulgação
Diz a lenda que o diretor Jordan Vogt-Roberts, então com apenas um longa no currículo, convenceu a Warner Bros. de que ele era o homem certo para fazer Kong: A Ilha da Caveira quando mostrou ao estúdio uma versão preliminar da cena que abre o filme. Nela, a paz de uma praia para-disíaca no Pacífico Sul é quebrada com a queda de dois aviões da Segunda Guerra: de um piloto aliado e de um japonês. Se o espaço já tem cores chamativas que lembram os desenhos animados, o duelo que se encena em seguida reforça essa noção, porque os dois personagens – um americano fotogênico de olhos azuis e um japonês endemoniado com sua espada – estão mais próximos dos cartuns do que se esperaria de um longa de guerra.
Essa cena é certeira como síntese e dá o tom de todo o King Kong que Vogt-Roberts se propõe fazer: menos uma obra de reverência à franquia (o que já o distancia do Kong de Peter Jackson) e mais uma obra que reverencia todo o pop, seus potenciais e suas vocações. Produto de uma geração que aprendeu a crescer sem abrir mão de gostos da infância, o diretor se revela em A Ilha da Caveira uma versão light de Zack Snyder. Mistura e estetiza games, quadrinhos e temas orientais com a cinefilia obrigatória pós-Nova Hollywood, de Spielberg a Coppola. O resultado é um filme que fetichiza o imaginário de seu tempo mas não com a mesma carga erótica de Snyder, e sim com uma pulsão pelo colecionismo.
A trama mostra um grupo de exploradores e militares que partem para desbravar a ilha que dá título ao longa. Lá encontram não só King Kong, mas também uma grande variedade de monstros que vão de aranhas gigantes a lagartos sem olhos.
Um ponto muito interessante é que Kong: A Ilha da Caveira sabe o que é, sem tentar ser um drama bélico profundo e sem virar uma sátira de si mesmo. Em suas referências, Vogt-Roberts sabe trabalhar com elementos visuais de Apocalypse Now, Platoon, Predador, Nascido para Matar e Bom Dia, Vietnã para criar uma atmosfera tropical, cínica e destrutiva por natureza — tal qual o conflito real retratado em todas essas influências. Os aficionados por História também terão um ‘prato cheio’ nos créditos iniciais, que contextualiza a época do longa em uma montagem que explora os principais eventos sociopolíticos do século 20.
Os personagens são o galã meio Indiana Jones vivido por Tom Hiddleston, a fotógrafa sensível (Brie Larson), o militar enlouquecido pela guerra (Samuel L. Jackson), os cientistas de óculos e caderninho, o pelotão formado por buchas-de-canhão.
