Sossego na Serra – campos do jordão

Sabores regionais tomam conta da Mantiqueira

texto: Por Mônica Nobrega/agência estado | fotos: divulgação
texto: Por Mônica Nobrega/agência estado | fotos: divulgação

Se você conhece só a Campos do Jordão concentrada no bairro do Capivari, com seu trânsito de fim de semana, casas de fondue e burburinho, saiba que, a alguns quilômetros dali, a atmosfera é bem diferente. Na divisa com os municípios de Santo Antônio do Pinhal e São Bento do Sapucaí, a vida ganha ares mais tranquilos e sabores mais autênticos.
A Estrada dos Mellos- é o eixo de ligação entre o agito e o sossego, por onde se alcança lugares que têm mais a oferecer do que apenas seus produtos, mas também uma porção de história e dedicação. Como a produção caseira de shitake do casal Yuri e Andréia ou a sorveteria Eisland, sustentável a ponto de a própria fazenda plantar o milho que será oferecido às vacas que produzem o leite usado na receita, sem aditivos.
Ali também está o Botanique, um dos hotéis mais luxuosos do Brasil, que tem como princípio valorizar os produtos brasileiros da decoração aos livros da biblioteca, do café da manhã ao jantar refinado, tudo foi pensado para colocar em evidência talentos, produtos e sabores nacionais – especialmente da região.
Aqui, um roteirinho para ser feito em qualquer época do ano. Uma dica: leve dinheiro vivo, já que muitos lugares não aceitam cartões.

Sorveteria Eisland
Os sorvetes ficam em um amplo galpão típico de fazenda, com mesas para degustar os gelados sem pressa. Do lado de fora, é possível ver algumas das vaquinhas que produziram o leite usado na receita pastando tranquilamente – diversão extra para as crianças. Segundo Marcos Galvão, dono do negócio, até o sorvete chegar ao congelador existe toda uma cadeia de produção orgânica O milho e a aveia usados para alimentar o gado Jersey são plantados na própria fazenda, sem suplementos para aumentar a produção leiteira. As vacas tampouco são confinadas – em média, trabalha-se com 12 a 14 animais em lactação, que são suficientes para produzir aproximadamente 250 quilos de sorvete ao mês.
Há cerca de 30 sabores, que podem mudar de acordo com a sazonalidade (a macadâmia usada em alguns deles é produzida na própria fazenda). Fui de banana com gengibre, delicioso – há opções tradicionais e outras como maçã com canela, mascarpone com jabuticaba ou caramelo com gianduia. A bola custa R$ 8,50, no copinho ou casquinha.
casa da mata
Estrada Municipal do Lageado, a 250 metros da cachoeira
A caminho para a Cachoeira do Lageado, já em Santo Antônio do Pinhal, uma pequena placa indica a Casa da Mata, ao lado do aviso ‘Subir a pé’. No alto da escadaria, outro aviso: ‘toque o sino’. Ali, o casal Andréia e Yuri tem uma pequena produção de shitakes, vendida para turistas e para o comércio da região. Segundo Andréia, a loja foi aberta em 2008, mas o cultivo já era feito desde 2001. “Ficou mais prático, não precisamos ir longe para vender”, conta. A bandeja com os cogumelos custa R$ 8, mas há também conservas e geleias. Na loja, encontra-se ainda almofadas, cachecóis e outros itens de artesanato produzidos pela própria Andréia.

Empório dos Mellos
Rua Elidio Gonçalves da Silva, 1.800, Campos do Jordão
Misto de empório das antigas – daqueles que vendem um pouco de tudo – e restaurante, costuma ficar cheio na hora do almoço de sábado. No salão principal, vende-se artigos de pequenos produtores da região: café orgânico, mel, temperos, cervejas, cachaças, geleias, compotas. O restaurante fica no anexo, com menu enxuto e cheio de sabor. Sei que a especialidade da região é a truta (servida ali gratinada ao molho de queijos, com arroz negro de Pindamonhangaba e purê de abóbora kabochá). Mas não resisti às palavras tutu de feijão e costelinha de porco na mesma frase, com o acompanhamento de couve refogada. Não me arrependi.
A terceira e última opção era a galinha caipira, com polenta cremosa, farofa de banana e quiabo. Optando pelo menu, com entrada, prato principal e sobremesa, gasta-se R$ 69 por pessoa. Fecha apenas às terças-feiras; nos outros dias, abre das 9h às 17h (sábados e domingos até as 18h).

A Cachoeira do Lageado tem ótima infraestrutura para ir em família, com banheiros e mesinhas
A Cachoeira do Lageado tem ótima infraestrutura para ir em família, com banheiros e mesinhas

cervejas e cachaças
A Baden Baden já é velha conhecida de quem vai a Campos do Jordão. Mas, nos últimos anos, o número de cervejarias artesanais vem crescendo. Uma delas é a Bauzera em São Bento do Sapucaí, que veio se alinhar a outra paixão de Eliseu Frechou (que toca o negócio junto da mulher, Ana, e do filho Vitor): as montanhas. Afinal, a fábrica está nos fundos da escola de escalada fundada por ele em 1989; no jardim, na frente, fica o convidativo biergarten, aberto apenas aos sábados.
Segundo Frechou, a ideia de ampliar o ramo de negócios veio a partir da crise econômica. “O mercado mudou, achamos que seria bom diversificar”, explica. A produção é pequena: apenas 1,5 mil litros por mês, com fermentação natural. “É preciso ir devagarzinho, como na escalada.” Ao todo, a marca conta com sete tipos de cerveja além da pale ale, minha favorita (R$ 30 a garrafa, R$ 14 o chope).
Outra cervejaria de produção artesanal na região é a Antoniubier, do pub Bode Expiatório, em Santo Antonio do Pinhal. Ali, Natashe e Eduardo Lopes – que de clientes viraram proprietários – servem seis tipos de cerveja (R$ 9), com destaque para a Ginger Bier, de gengibre. Para acompanhar, petiscos frios, incluindo queijo de cabra produzido no local.
Mas se o seu negócio é cachaça, vá direto no A Bodega, com dezenas de galões de vidro em que a branquinha descansa com algum agente de sabor: frutas, sementes, temperos. Dá para degustar à vontade antes de escolher sua favorita – as garrafas custam de R$ 12 a R$ 20, em média. Abre apenas aos sábados, domingos e feriados.

natureza à vista
Cachoeira do Lageado
Com aproximadamente 20 metros de altura, a cachoeira tem ótima infraestrutura para ir em família, com banheiros e mesinhas para piquenique. Se for em um dia de sol e calor, leve roupa de banho, aproveite para renovar as energias e entre n’água (geladíssima). A queda forma uma piscina natural com fundo de areia, bastante convidativo. Fica a 7 quilômetros do centro de Santo Antônio do Pinhal. Na entrada, paga-se R$ 5 por pessoa.

Complexo da Pedra do Baú
O cartão-postal icônico da região fica oficialmente em São Bento do Sapucaí – e pode ser visitado por pessoas com diferentes graus de preparo físico. Para ver a formação rochosa de pertinho, basta deixar o carro no estacionamento do Bauzinho e caminhar por cinco minutos, em uma trilha bem marcada, até o mirante. Os mais aventureiros podem subir na pedra por uma escada metálica, em um passeio de cinco horas, ou fazer uma trilha de 1h30 para a pedra Ana Chata. Com a Baú Ecoturismo.