Rio Quente Resorts, as águas quentes que atraem crianças e idosos

Complexo de hospedagens, já atraiu 1,5 milhão no mesmo ano

Fonte: Por Bruna Toni/agência estado | fotos: divulgação

Entre uma mesa e outra, Seu Osmar retribui cumprimentos afetuosos dos clientes do Restaurante Pequi, no Rio Quente Resorts, onde trabalha há 31 anos. Vez ou outra ele para, dando uma palavrinha com os conhecidos de décadas. Eles são os melhores retratos da antiga pousada – hoje resort – incrustada no pé da Serra de Caldas, na cidade de Rio Quente, em Goiás.
Basta olhar para as mesas ao redor de Seu Osmar para começar a entender o porquê: elas estão, quase que por completo, ocupadas por ao menos três gerações de uma mesma família. E, provavelmente, não será a primeira vez dos mais velhos ali. “Tem quem venha sempre. Muitos voltam viúvos, choram, se emocionam. Tem gente que vem pequeno e vai crescendo. Gente que vem duas vezes por ano e passa 30 dias”, conta ele, referindo-se aos antigos frequentadores do local.
Trata-se, portanto, de um destino cuja história é feita a partir de várias linhas do tempo se levarmos em conta a quantidade de turistas que o colocou no radar das férias repetidas vezes. Os motivos são diversos. Mas a vantagem de conseguir agradar de crianças a idosos pode justificar o 1,5 milhão de pessoas que visitaram o local em 2016, bem como os 180 voos fretados anualmente, em média, pelo resort para levar os hóspedes até o aeroporto de Caldas Novas, distante 27 quilômetros de Rio Quente
Casais mais jovens e grupos de adolescentes podem se divertir por ali – o ideal é ficar de quatro dias a uma semana. Entretanto, são minoria entre o público do resort e de seus parques. A história de que as águas quentes atraem idosos, sobretudo, se justifica: o animado grupo de cantoras da terceira idade no ônibus que nos levou do aeroporto ao hotel é prova disso.
Mas os toboáguas, as piscinas de água doce e transparente e a praia artificial são ‘prato cheio’ para crianças e adolescentes até 14 anos, em média. Não me deixam mentir as conversas entre famílias sobre rinites e antialérgicos, ou as negociações entre adultos e crianças à mesa: “se você comer o brócolis, pode ir na piscina de ondas”.
Tudo começou em 1964, quando a Pousada do Rio Quente foi inaugurada na pequena cidade de mesmo nome. O empreendimento tinha potencial. Era preciso acomodar os turistas interessados em banhar-se nas águas quentes da região, que ‘brotam’ do chão depois de a água da chuva penetrar as rochas da Serra de Caldas, atingir profundidades de mais de mil metros e voltar à superfície superaquecidas. São essas águas (nas camadas mais baixas chegam à temperatura de 70 graus) que formam a maior bacia hidrotermal do mundo – e que correm no curso do Rio Quente, o protagonista de toda a nossa viagem.
Foi apenas em 2003 que a Pousada do Rio Quente passou a se chamar Rio Quente Resorts. Muito antes, porém, o local já havia crescido e se transformado em um complexo de hotéis, restaurantes e atrações, entre elas o Hot Park, seu Parque Aquático, inaugurado em 1997 e aberto a hóspedes e não hóspedes. Hoje, o grupo possui também o Eko Aventura Park e conta com 1,3 mil quartos em sete hotéis. Há ainda a opção de time sharing, formato em que famílias diferentes pagam por ano para se hospedar em um mesmo local em épocas alternadas.
E há novidades de entretenimento vindo por aí: o Hot City, um boulevard com palco para shows do lado de fora do resort, deve ser inaugurado até 2020, segundo Flávio Monteiro, diretor de Marketing do Complexo.

Sem negar que novidades são importantes para manter alto o número de visitantes, Monteiro afirma, porém, que mais do que investir em novas atrações a cada ano, o grupo pretende explorar melhor as 80 já existentes. Oferecer pacotes variados, incluindo mais ou menos opções de diversão, é um dos caminhos. O outro é se destacar o fato de ser um destino para todas as estações, inclusive o inverno. Afinal, quem não quer água quente nos pés o ano todo?

COMO FUNCIONA O COMPLEXO
O Complexo Rio Quente Resorts inclui áreas de acomodação e de lazer em diferentes partes, apesar de serem todas próximas. A maior destas áreas é o resort, onde há três hotéis e onde está instalado o Hot Park e outras atrações – algumas gratuitas para os hóspedes e outras não. Também fazem parte do Complexo o Eko Aventura Park, com atividades de ecoturismo e hospedagem, e os três hotéis no entorno do Resort.
Independentemente do hotel escolhido, todos os hóspedes têm direito à entrada livre no Hot Park e no Eko Aventura Park. O Complexo oferece ônibus grátis entre as atrações e todos os hotéis a cada 20 minutos (depois da meia-noite, a cada uma hora).
Seguindo a tendência de parques temáticos internacionais, tudo funciona com o mesmo cartão que você recebe no check-in, o Smartcard. Vai comprar algo no bar molhado? Mostre o cartão. Abrir a porta do quarto? É com este cartão. Comprar um souvenir? O cartão, senhora. É, de fato, mais prático e seguro do que andar com notas de dinheiro ou cartão de crédito. Na hora de ir embora, acerta-se a conta e tudo certo.
Para conhecer o Hot Park e o Eko Aventura Park não é preciso ser hóspede, contudo. São muitos, aliás, os que compram ingressos do tipo day use para passar apenas um dia no Parque Aquático, caso dos turistas que viajam com foco em Caldas Novas. Para este público, os ingressos do Hot Park começam em R$ 100 (na baixa temporada, não funciona às quintas-feiras para manutenção).
O mesmo vale para quem quer conhecer o Eko Aventura Park: enquanto hóspedes não pagam a entrada, não hóspedes desembolsam R$ 35 (adulto), R$ 20 (até 11 anos) e R$ 17 (mais de 60 anos). As atividades, com exceção da piscina, porém, são pagas à parte – vale para todos, hóspedes ou não.

PARA ENTENDER O RESORT
Batiam as dez horas da noite, mas ninguém queria arredar os pés, as pernas e o resto do corpo das águas quentes do Parque das Fontes. Esta atração é exclusiva para quem se hospeda nos hotéis dentro do Resort. A seguir, todos os detalhes para entender o Rio Quente.
Parque das Fontes: ali, a 630 metros de altitude, estão as 18 fontes que abastecem todo o Complexo, a começar pelas piscinas que obrigam a água represada do rio a obedecer os contornos da construção humana naquele trecho. Logo ao lado está o rio, seguindo seu curso natural, do qual 12 quilômetros passam por dentro do parque.
A piscina de cascata é a mais famosa do parque, e é realmente uma delícia ficar embaixo da ducha caindo a 37 graus. Mas sentar em uma das cadeirinhas dos bares molhados – com esse nome porque estão dentro d’água – para se servir de petiscos e bebidas é tentador. O melhor: as piscinas ficam abertas 24 horas por dia, com serviço de bar.
E prepare-se para a disputa por um lugar nos poços do Governador e da Primeira-Dama, dois buracos na rocha de onde brota água ainda mais quente, fazendo as vezes de um ofurô natural. Ninguém soube explicar os nomes dos poços, mas se você conseguir um tempo dentro deles, talvez se sinta como mandachuva mesmo.
As águas das piscinas são constantemente renovadas porque, afinal, trata-se de água corrente, do rio. A vazão é de 5,2 milhões de litros por hora. Depois de usadas, vão para uma estação de tratamento do próprio Resort. Parte da água limpa volta ao leito do rio e parte é reutilizada nas estruturas internas.
Ao redor, com águas transparentes e pedras – o que dá mais sensação de rio –, espreguiçadeiras enfileiradas acomodam quem quer apenas ganhar vitamina D. A vegetação garante sombras agradáveis, principalmente no caminho até o Hotel Turismo, com projeto paisagístico de Burle Marx.
Spa Manacá: bem pertinho do Parque das Fontes está o Spa Manacá, com sete tipos de tratamentos, incluindo massagens relaxantes, shiatsu e opções estéticas a partir de R$ 63. Durante 25 minutos, meu pescoço e costas estiveram nas mãos de uma das massoterapeutas que, depois de ir direto ao ponto da dor, me ofereceu chá quentinho e castanhas de baru, típicas do Cerrado.
Sem custo ou mais em conta: para quem não quer gastar mais, há formas gratuitas de relaxar. Se você for do time dos exercícios, há uma academia fora do padrão: é toda aberta, com vista para o Parque das Fontes.
Outras ideias são pescar (a partir de R$ 48) ou jogar tênis nas seis quadras do Resort – abertas 24 horas, com aluguel de duas raquetes e seis bolinhas por R$ 40.
As noites são animadas por shows temáticos gratuitos no Toldo do Bosque. Na minha vez estavam programadas uma noite de Flashback, outra de Sertanejo. Com alguns covers melhores do que outros.
Não espere nomes famosos na programação. Os espetáculos são estrelados por funcionários do Resort, que também assumem a tarefa de monitores pela manhã. “ Grandes shows atraem outro tipo de público que não é o nosso”, explica o diretor de marketing Flávio Monteiro.
O Complexo organiza festivais ao longo do ano. De 11 a 18 de março, o das Noites Douradas terá a presença de Sidney Magal. Em maio, rola o Festival Alemão e de Comédia; em setembro, o Festival Bem-Estar.
Comer e beber: a maioria dos pacotes do Rio Quente Resorts prevê meia-pensão, com café da manhã e almoço. Em alguns casos, é possível trocar o almoço pelo jantar ou incluir as três refeições. A negociação é facilitada para quem faz a compra direto com a Central de Vendas do Rio Quente Resorts.
As refeições que estiverem previstas no seu pacote serão feitas sempre no restaurante do seu hotel, para evitar risco de lotação No Hotel Turismo, onde fiquei hospedada, o Restaurante Pequi – nome do fruto mais famoso de Goiás – tem como proposta destacar os ingredientes do Cerrado. Provei, claro, o arroz com pequi – e foi ali também que conheci o Seu Omar, personagem lá do começo desta Reportagem. À noite, o Pequi é o único restaurante com serviço à la carte; pratos custam a partir de R$ 86 por pessoa.
Já o Restaurante da Mata, no Hotel Cristal, investe em opções da gastronomia internacional. À noite, organiza jantares temáticos: tem o dia do japonês, do mexicano, do italiano. Participei de um destes jantares temáticos, com frutos do mar. Por fim, o Restaurante Casa de Cora – homenagem à poetisa goiana Cora Coralina – tem serviço de bufê no almoço e no jantar e se dedica à comidinha de fazenda e ao churrasco.
Entre os restaurantes do Resort, a pizzaria Oliva serve redondas de massa fininha e recheios fartos, com sabores diferentões – o que pode incluir adição de pequi – a partir de R$ 69. Há também o Clube Chopp Brahma, aberto das 19h às 3h; o Marolo Café e a sorveteria Bello Gelatto, com opções produzidas pelo próprio resort (uma bola, R$ 10).
Do lado de fora: como opção para o almoço há ainda os restaurantes dos hotéis que ficam fora do Resort: La Távola, no Giardino, e Cores, no Flat I e Flat III. Ainda é possível comer no centro da cidade de Rio Quente: o Restaurante Lisboa e o Empadão Goiano da Tânia têm boas indicações.