Prefeito de Guarujá é preso em operação

POLÍCIA FEDERAL

Crédito G1Mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Paço Municipal e secretarias de Guarujá

Policiais realizaram operação para apurar esquema de desvio de dinheiro

O prefeito de Guarujá Válter Suman (PSDB) e o secretário de Educação, Marcelo Nicolau, foram presos em flagrante pela Polícia Federal nesta quarta-feira (15). A residência do prefeito foi alvo de um dos mandados de busca e apreensão da ‘Operação Nácar’, que apura um esquema de desvio de dinheiro na rede pública de saúde.

Nesta quarta-feira, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do secretário de Educação e também do prefeito de Guarujá. Nos imóveis de ambos, foram encontradas grande quantia em dinheiro. Os dois foram encaminhados para a Delegacia da Polícia Federal de Santos para prestar esclarecimentos.

Por volta de 18h30, o prefeito e o secretário foram levados no camburão da viatura da Polícia Federal, após horas prestando esclarecimentos na sede do órgão federal. Segundo apurado pela reportagem, ambos serão levados ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente. Os políticos passarão por audiência de custódia nesta quinta-feira (16).

A defesa de Suman e Nicolau não foi localizada até a última atualização desta reportagem. Em nota, o PSDB de São Paulo esclarece que não possui informações sobre o caso e se pronunciará quando obtiver os esclarecimentos necessários.

Prefeitura
A Prefeitura de Guarujá, por meio de nota, afirma que conheceu o teor das investigações apenas a partir de informações veiculadas pela imprensa, tomando conhecimento de que se trata de denúncia acerca da gestão dos contratos que o município manteve com a Organização Social (OS) Pró Vida, que, até março deste ano, geria 15 Unidades de Saúde da Família e a UPA Dr. Matheus Santamaria (UPA Rodoviária).

A prefeitura alega também que os contratos em questão sofreram intervenção municipal decretada pelo prefeito Válter Suman, baseada em suspeitas de irregularidades e má gestão por parte da OS, que iam desde o não pagamento de salários, verbas rescisórias e fornecedores até falhas nas prestações de contas e perigo de desassistência ao público.

Ainda de acordo com o município, como não havia atendimento às notificações emitidas constantemente pela Secretaria Municipal de Saúde, o prefeito decidiu pela intervenção, processo que culminou com a desqualificação da OS, decretada em julho, seguida por uma ação civil pública oferecida pelo município ao Judiciário, na qual é requerida, inclusive, ressarcimento de valores pela OS aos cofres públicos.

Durante todo esse trâmite, a prefeitura alega que manteve constante diálogo com o Ministério Público do Estado de São Paulo, comunicando, o tempo todo, as medidas que seriam adotadas.

Por fim, a Prefeitura de Guarujá afirma que está colaborando com as investigações, fornecendo documentos e informações solicitados pelos agentes da Polícia Federal e aguarda que sejam feitos os devidos esclarecimentos que demonstrarão a lisura e austeridade de todo o processo que envolve as apurações a respeito da “desastrosa gestão das unidades de saúde por parte da Organização Social Pró Vida”.

A TV Tribuna solicitou posicionamento para a Organização Social Pró Vida, mas não obteve retorno.

Investigação
A investigação acontece desde o início do ano e começou quando o Ministério Público do Estado de São Paulo indicou que haviam indícios de irregularidades no contrato entre a Prefeitura de Guarujá e a Organização Social Pró-Vida, que é responsável por administrar a UPA da Rodoviária e 15 Unidades de Saúde de Família (Usafa). O caso foi encaminhado ao Ministério Público Federal e para a PF por envolver verba pública.

Nesta quarta-feira, durante a operação, agentes da Polícia Federal, por volta das 6h, chegaram ao Paço Municipal de Guarujá, localizado na Avenida Santos Dumont, 800, na Vila Santo Antônio.

Eles se dirigiram ao local para cumprir mandados de busca e apreensão e também foram no prédio onde ficam as secretarias municipais.

Segundo informações, em Guarujá, uma quantia em dinheiro, dois carros e uma motocicleta foram apreendidos pela Polícia Federal. Os agentes também estiveram em um prédio de luxo localizado na rua Carolino Rodrigues, no Boqueirão, em Santos.

A Prefeitura de Guarujá confirmou, em nota, que os agentes da Polícia Federal estiveram nos paços municipais Moacir dos Santos e Raphael Vitiello, e tiveram acesso a documentos e processos. A administração municipal afirma que aguarda outras informações.

A operação da Polícia Federal está sob sigilo, e é realizada em outras partes do Brasil, como São Paulo e Rio de Janeiro. Durante a manhã, pelo menos dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos.

Em nota, a Comunicação Social da Polícia Federal em Santos informa que não haverá maiores informações, ao menos nesta quarta-feira, a respeito da ‘Operação Nácar’ deflagrada nesta manhã.

Vida política
O médico Válter Suman é natural de São José do Rio Preto (SP). Ele foi reeleito em 2020 com 112.672 votos e este foi o segundo mandato de Suman como prefeito de Guarujá. Ele é médico e exercia a profissão há mais de 30 anos. Foi eleito vereador, em 2006, e foi eleito prefeito da cidade pela primeira vez nas eleições municipais de 2016.

Em 2020, Suman esteve à frente da disputa desde que as primeiras pesquisas começaram a ser divulgadas. As principais promessas de governo dele foram a construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Vicente de Carvalho e de conchas acústicas para apresentações de artistas locais, ampliação de vagas em creches, implementação de um centro de gerenciamento de resíduos sólidos e reforço da Guarda Civil Municipal.

Crédito Prefeitura Municipal de GuarujáO médico Válter Suman foi reeleito em 2020 com 112.672 votos. Foto: prefeitura municipal de guarujá

Foto: G1