Ponte Aérea – Fragilidade das relações inspira Júlia Rezende

Filme brasileiro traz Caio Blat e Letícia Colin no enredo

Os atores Letícia Colin e Caio Blat são os protagonistas do filme brasileiro Ponte Aérea que estreou nesta quinta-feira (16)
Os atores Letícia Colin e Caio Blat são os protagonistas do filme brasileiro Ponte Aérea que estreou nesta quinta-feira (16)

Um romance brasileiro rouba a cena das estreias desta semana. Trata-se de Ponte Aérea, que chegou na quinta-feira (16) à cidade.
O longa é sobre um casal que se conhece por conta de um problema de aeroporto. O voo deles é desviado para BH, eles passam a noite no hotel e, de desconhecidos, tornam-se amantes de uma noite. Ela é uma executiva paulista, ele um bon-vivant carioca, um grafiteiro. Eles se envolvem, mas tudo vem muito rápido para o personagem de Caio Blat. Seu pai está morrendo, ele descobre que tem um meio-irmão, e que terá de assumir esse garoto.
Assumir uma mulher, um quase filho (pela diferença de idade com o irmão). É demais. Caio surta. Como Danton Mello em Superpai, como os vitelloni de Os Boas-Vidas, de Federico Fellini, ele é um garoto crescido, com medo de amadurecer. Há um gato na história. Chama-se, não por acaso, Feline.
Foram cinco anos desde que Júlia Rezende começou a trabalhar no projeto que virou Ponte Aérea. Mas não foram cinco anos de dedicação exclusiva. No intervalo, aconteceram Meu Passado Me Condena 1 e 2. Convidada a dirigir o primeiro, Júlia se saiu muito bem. O filme estourou, deu-lhe confiança como diretora (e a confiança do mercado). Ela filmou o 2, que agora monta. A todas essas, Ponte Aérea ficou pronto, estreou. Para Júlia, é um filme mais pessoal. “Ah, fui eu que escrevi, e isso faz toda a diferença na hora de filmar. Ponte Aérea é o ‘meu’ filme geracional. Havia lido o sociólogo polonês Zygmunt Bauman e fiquei siderada pelo conceito dele do amor líquido. É uma coisa da minha geração, o ficar sem se envolver de verdade, a fragilidade dos laços humanos, e eu queria mostrar o que há por trás dessa atitude”.

O filme remonta uma tradição de comédias românticas
O filme remonta uma tradição de comédias românticas

Embora as diferenças entre Rio e São Paulo, cariocas e paulistas, estejam no centro de Ponte Aérea, Júlia nunca se preocupou com o fato de Caio ser paulista. “Confiava no talento dele e sabia que, com o figurino adequado, algumas tatuagens e maquiagem de bronzeamento, ele faria o carioca típico, o rato de praia. Só tive de trabalhar com ele o sotaque, botar uns SSs a mais para fazer o Caio chiar”.
Com Caio na cabeça, restava a Júlia escolher sua ‘paulista’. “Letícia (Colin) tem feito teatro, cinema, TV. É atriz de musicais. Eu a conheci através de meu pai (o cineasta Sérgio Rezende). Fizemos uma audição, Letícia foi ótima com o Caio. Já tinha a minha dupla”.
Ponte Aérea remonta a uma tradição de comédias românticas que talvez tenha tido em Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos Oliveira, seu melhor exemplo. Paulo José, em Todas as Mulheres, já vivia o dilema de desistir das demais mulheres por amor a Leila Diniz. “Em um mundo cada vez mais dinâmico e veloz, a verdade é que as pessoas têm medo de amar”, a diretora e roteirista reflete, pegando carona em Zygmunt Bauman.