Obesidade – Compulsão alimentar tratada com a tecnologia

Ondas regulam transmissores que estimulam vontade de comer 

Especialistas no tratamento contra a obesidade vão se reunir nos dias 6 e 7 de novembro no Sidom (Simpósio de Diabetes, Obesidade e Metabolismo), no Rio, para discutir o que há de mais novo para combater problemas como a compulsão alimentar. Um dos assuntos pautados é o uso da estimulação magnética transcraniana como um dos tratamentos alternativos para o transtorno.
“No Brasil, a técnica já foi usada em alguns casos específicos de depressão. Em outros países, ela já demonstrou resultados promissores no tratamento de compulsão alimentar. Um grupo brasileiro começará a fazer estudos em São Paulo sobre o assunto em específico” – comenta o endocrinologista Walmir Coutinho, que junto do médico Alexander Benchimol, organizam o simpósio.
Os pesquisadores e estudiosos da técnica ainda não sabem muito bem como ela age, mas a hipótese é que as ondas eletromagnéticas que atravessam o crânio regulem os neurotransmissores responsáveis pela vontade de comer, diminuindo a compulsão alimentar. Mas sozinha a técnica não surte efeito.
“É preciso continuar com o tratamento multidisciplinar que envolve psicólogos, psiquiatras, nutricionistas e endocrinologistas” – afirma a psicóloga especialista em transtornos alimentares, Vanesca Medeiros.

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Eficiente em outros tipos de transtornos

Apesar de inovadora, a técnica não é nova. Desenvolvida em meados dos anos 1980 e reconhecida no Brasil como uma prática médica em 2012, a estimulação magnética transcraniana já possui efeitos positivos em tratamentos contra a depressão no país.
“É uma técnica que tem sido usada para tratar várias alterações de comportamento, como a depressão, e está sendo testada para tratar outras alterações psicológicas e psiquiátricas” – pontua Walmir.
Em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, foram analisados 33 protocolos clínicos. Após a estimulação houve uma redução de 33,6% nas escalas de depressão.
“Algumas conexões entre os neurônios nem sempre funcionam bem. As medicações indicadas em casos de depressão melhoram este quadro, mas como agem no corpo inteiro, podem trazer efeitos colaterais. Neste procedimento, nós estimulamos aquela área específica do cérebro e, a partir disso, conseguimos ser eficazes, com menos efeitos colaterais e apresentando o resultado de maneira mais rápida” – explica o psiquiatra Marco Antonio Abud, da Universidade de São Paulo.
A técnica também já mostrou ser eficaz em tratamentos de doença de Parkinson, dores crônicas e também na recuperação de pessoas que sofreram um AVC.

 

 

texto: evelin azevedo/infoglobo | foto:  divulgação