Novo Captur vai bem com motor 1.3 de 170 CV

AVALIAÇÃO

18 - Captur

Na linha 2022, Renault ganha atualização no visual e propulsor com turbo

A Renault foi uma das primeiras marcas a enxergar o potencial do mercado de SUVs compactos no País. Há uma década, lançou o Duster, que chegou a liderar as vendas do segmento no Brasil.

Com a chegada de rivais como o Jeep Renegade e o Honda HR-V, mais modernos, a solução foi lançar o Captur, que apostava no visual e equipamentos mais refinados. Agora, a linha 2022 chega ao País com várias atualizações e o inédito motor 1.3 TCe turbo e flexível.

O quatro-cilindros gera até 170 cv de potência e 27,5 mkgf de torque, o maior entre todos os SUVs compactos vendidos no Brasil O Renault Captur 2022 chega nas versões Zen, a partir de R$ 124 490, Intense, por R$ 129.490, e Iconic, com tabela inicial de R$ 138.490.

Com a novidade, a Renault resolve um dos principais problemas do Captur: a falta de fôlego, que não combinava com o visual moderninho. Nesse sentido, para-choque dianteiro, grade e faróis foram redesenhados.

O conjunto óptico, aliás, é todo de LEDs nas versões mais caras. Além disso, há oito opções de cor para carroceria e seis combinações com teto em tom diferente. As rodas de liga leve, que também têm novo desenho, já estavam disponíveis no Duster, têm 17 polegadas e acabamento diamantado.

Na cabine, a versão Iconic, como a avaliada, traz novo volante com comandos da multimídia e acesso rápido ao controle de cruzeiro. A central também é nova, tem sistema Easy Link, tela de 8” sensível ao toque e conexão por Bluetooth. Além disso, é compatível com Android Auto e Apple Carplay, e permite criar até seis perfis de usuário.

O acabamento interno também pode ter dois tons. O destaque vai para o marrom e as superfícies agradáveis ao toque.

A Renault chama a linha 2022 do Captur de nova geração por causa da adoção de reforços estruturais de subchassi e suspensão. Além de contribuir para melhorar as respostas dinâmicas e a segurança, houve aumento de 12,5% na rigidez torcional. A contrapartida são os 1.366 kg de peso, ou 80 kg a mais que na antiga versão 1.6 CVT Bose.

A lista de equipamentos é ampla. Inclui quatro air bags, controles eletrônicos de tração e estabilidade, e auxílio de partida em rampa. Além disso há dois pontos de ancoragem Isofix para assentos infantis, bem como monitor de ponto cego e câmera de 360°.

Outros destaques são chave presencial, do tipo cartão, e partida por botão. Além disso, dá par ligar o motor a distância, de modo a refrigerar ou aquecer a cabine antes de entrar.

Porém, o Captur 2022 mantém soluções arcaicas. É o caso dos freios a tambor na traseira e da suspensão por eixo de torção também atrás. Além disso, embora seja digital, o ar-condicionado é de uma zona apenas.

Da mesma forma, não há recursos automáticos de auxílio ao motorista presentes nos rivais. Falta controle de velocidade de cruzeiro adaptativo e sistema que evita a saída involuntária de faixa, além de frenagem automática de emergência.

Ou seja, são itens presentes em modelos como o Tracker, cuja linha 2022 acaba de ser lançada. Porém, embora a versão Premier do Chevrolet tenha preço próximo ao do Captur Iconic, seu motor 1.2 turbo gera 133 cv.

Assim, o maior trunfo do Renault é justamente o 1.3 TCe desenvolvido em parceria com a Mercedes-Benz. Aliás, a marca francesa informa que esse motor tem “tecnologia vinda das pistas de Fórmula 1”. Ou seja, injeção direta de combustível e turbo com 250 bar de pressão. A potência é similar ao dos 1.4 e 1.6 flexíveis, com turbo, de Chevrolet, Citroën e Peugeot. Bem como o 2.0 flexível da Ford e até o 2.0 turbodiesel da FCA já utilizados no Brasil.

Além disso, o torque é maior que os 25,5 mkgf do 1.4 turbo flexível da Volkswagen. E igual ao do novo 1.3 da FCA, que está no Jeep Compass 2022 e gera até 185 cv.

O câmbio Xtronic CVT, automático de relações continuamente variáveis, simula oito velocidades. Essa caixa é diferente da que estava no Captur 2021 e traz, além de novos componentes, atualizações no sistema de gerenciamento eletrônico.

Após avaliar o Captur por cerca de 100 km, deu para constatar que finalmente o SUV alcançou o patamar que deveria ter desde que chegou ao País. Com isso, a Renault espera acelerar em vendas. Até agora, o modelo nunca chegou a brigar nem pelas cinco primeiras posições no ranking de emplacamentos.

Em movimento, fôlego é o que não falta. Basta pisar forte no pedal da direita para o Captur disparar. A disposição é tão grande que fica evidente o “gargalo” gerado pelo câmbio.

O CVT é bom no dia a dia, mas, como a maioria das caixas do tipo, foca o conforto e o baixo consumo. Portanto, acaba limitando as respostas do motor. Ou seja, o SUV poderia ser muito melhor em arrancadas e retomadas de velocidade.

Da mesma forma, embora “sobre” motor, é preciso lembrar que o Captur não é um esportivo. E que os freios traseiros não são a disco.

Ou seja, tem centro de gravidade alto e pneus adequados para a proposta de modelo familiar. Assim, se o motorista se empolgar, em casos extremos, o carro pode até sair de traseira.