Jackie Chan retorna em O Estrangeiro

Quan Ngoc Minh (Chan) é um ex-soldado e procura vingança

E m uma carreira de cinco décadas definida pela mistura de acrobacias com humor ‘pastelão‘, Jackie Chan ocasionalmente demonstrou seu lado sério, principalmente em ‘Crime Story’ (1993) e ‘Massacre no Bairro Chinês’ (2009). Ainda assim, este artista duradouro raramente foi tão estoico como em ‘O Estrangeiro‘, que o vê retornando aos cinemas em língua inglesa depois de consolidar seu estrelato no mercado chinês. Encenando um pai angustiado que busca vingança pela morte de sua filha em uma explosão causada pelo IRA, ele encara Pierce Brosnan que faz o papel de um político.
Os trailers do filme efetivamente venderam Chan como um vingador taciturno e enfatizaram o conteúdo brutal da ação do filme. Mas essa adaptação do livro ‘The Chinaman’ de 1992 escrito por Stephen Leather, se desenvolve mais como um thriller político, gastando tanto tempo em tramas conspiradoras quanto a ação brutal divulgada.
Com um lançamento na China que se aproveitou do lucrativo período de feriado nacional, esta co-produção do Reino Unido e China deve registrar números sólidos, além de um lançamento de dois dias com lucro de US$ 22,5 milhões, embora a falta de familiaridade geral com o cenário político provavelmente impeçam que a obra seja tão bem-sucedida quanto os recentes filmes de Chan, como a aventura histórica patriótica ‘Railroad Tigers’ (2016) ou a comédia familiar ‘Kung Fu Yoga’ (2017). Em outros lugares, provavelmente seguirá o caminho do último longa de ação de Brosnan ‘November Man – Um Espião Nunca Morre’ (2014), encarando as grandes produções por um breve momento antes de se tornar uma opção para o ‘pay-per-view‘.
O filme começa com um bombardeio de Londres por uma célula terrorista de nacionalistas do IRA, que causa uma série de mortes, incluindo Fan (Katie Leung), filha do dono do restaurante chinês-vietnamita Quan Ngoc Minh (Chan). Um ex-soldado das forças especiais, cujo conjunto de habilidades é disfarçado pela maneira humilde em que ele se move, Quan inicialmente tenta subornar o cabeça da investigação, o Comandante Bromley (Ray Fearon) para lhe fornecer os nomes dos homens responsáveis.
Após ser avisado para que deixe a polícia realizar o trabalho dela, ele muda seu foco para o oficial do governo da Irlanda do Norte, Liam Hennessy (Pierce Brosnan), com base no passado terrorista do político. Já lidando com a crescente dissidência interna, enquanto ele tenta apaziguar ambos os lados do acordo de paz em um momento de crise, Hennessy agora deve lutar com o assédio de Quan.
Às vezes, a trama em torno de Hennessy se parece com uma minissérie condensada com um Brosnan ocasionalmente assustador aproveitando a oportunidade de interpretar uma figura acerada que encontra sua vida profissional e pessoaal entrelaçada. Os problemas de Hennessy variam da agenda de sua esposa Mary (Orla Brady), cuja raiva política não foi temperada pelo estilo de vida agora confortável, até a traição por dois antigos associados que pensam que ele perdeu seu ‘domínio’, o forçando a tomar decisões difíceis, sempre com um uísque na mão.
Com tudo isso acontecendo, para não mencionar a pressão do alto escalão britânico para identificar os terroristas, talvez não seja surpreendente que Hennessy – e o filme em si – quase trate Quan como um extra para uma história maior, com Chan ausente por alguns trechos. No entanto, à medida em que os fios do mundo apertado de Hennessy se soltam, o decidido Quan se põe de volta ao centro da narrativa.
‘O Estrangeiro‘ é dirigido pelo veterano da ação, Martin Campbell, que retorna após o fiasco de ‘Lanterna Verde‘ (2011). Em uma forma truncada, Campbell até retoma a cena assombrosa de sua minissérie clássica ‘No Limite das Trevas‘ (1985), na qual o pai aflito retoma cuidadosamente as coisas de sua filha, tentando se conectar com o que resta da sua essência. A necessidade de acelerar o retorno significa que Chan não tem tanto tempo para transmitir a perda inconsolável como Bob Peck, mas é, no entanto, eficaz em close-ups silenciosos.
Quando se trata de cenas de ação, o estilo despreocupado de Campbell funciona bem com a coreografia de Chan. A disposição da estrela de aparentar seus 63 anos faz com que as quedas pareçam machucar e cria uma sensação de perigo quando Quan se encontra em menor número.