Belezas da terra gelada – Alasca

Estado do Alasca traz beleza cênica imponente das imensas geleiras

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Navegando pelos canais naturais da região de Inside Passage, as montanhas de granito que formam verticais paredões de até 2,5 mil metros de altura tinham se tornado companheiras de todas as horas. O cruzeiro pela costa do Alasca é diferente: nada de mar infinito e linha do horizonte longínqua Em águas abrigadas, entre ilhas, o olhar lá para fora sempre encontra vegetação, cachoeiras que despencam de alturas impressionantes direto no mar, baleias. Vi pelo menos meia dúzia de grupos de jubartes.
Inside Passage é a menor das cinco regiões do Estado: uma borda de continente recortada em fiordes e ilhas recobertas de floresta úmida. Icebergs e picos gelados pontuam a paisagem, mas, no verão, boa parte do Alasca emerge da neve. O maior dos Estados americanos, duas vezes o tamanho do Texas e pouco mais que o Amazonas brasileiro, se revela também verde, para além do branco.
Navegar é a forma usual de se conhecer o Alasca. As distâncias são impeditivas e as rodovias, escassas, tanto que, do total de 1,78 milhão de turistas que foram ao Estado no ano passado, 56% estavam a bordo de cruzeiros. Outros 39% chegaram de avião, e apenas 4% usaram ferries e rodovias. Para ir à capital Juneau ou à histórica Ketchikan, por exemplo, ou você navega, ou voa.

Cercada por montanhas pelos dois lados, as geleiras Tracy Arm são geralmente tomadas por uma leve névoa TEXTO: Mônica Nobrega/AE | fotos: divulgação
Cercada por montanhas pelos dois lados, as geleiras Tracy Arm são geralmente tomadas por uma leve névoa
TEXTO: Mônica Nobrega/AE | fotos: divulgação

GLACIAR
Depois de dois dias e duas noites de navegação, o navio Disney Wonder embicou rumo a um vértice entre montanhas. Ainda a distância, não dava para ver que havia passagem ali. Ao longo da próxima hora e meia, o grandalhão de 293 metros de comprimento e 32 metros de largura, 11 deques e 2.713 passageiros, ziguezagueou por um labiríntico e estreito fiorde com destreza insuspeita para alguém do seu tamanho.
E assim, demos de cara com o glaciar Tracy Arm. A primeira parada daquela semana, na tarde do terceiro dia no mar, cerca de 2 mil quilômetros distante do porto de partida em Vancouver, no Canadá.
A temporada de cruzeiros no Alasca começa em maio, último terço da primavera, e vai no máximo até o meio de setembro, fim oficial do verão. É a época em que as temperaturas variam de 3 a 16 graus, em média. Antes e depois, o frio chega a 10 graus negativos em dezembro e janeiro, os meses mais gelados.
Passeios em geral só funcionam no verão. O turismo no Alasca é feito ao ar livre, como a visita ao glaciar Tracy Arm, vendida também em tours de um dia a partir de Juneau, cerca de 70 quilômetros ao norte, desde US$ 150 por pessoa.
Foram duas horas diante da massa congelada de Tracy Arm, bebendo chá para aquecer. Com binóculos, também dava para ver cabras-da-montanha caminhando pelos paredões e ficar de queixo caído com o equilíbrio dos bichos ali. Em seguida, o navio fez meia-volta e retomou o caminho do norte, onde, na manhã seguinte, os pés tocariam o solo do Alasca pela primeira vez naquele roteiro de uma semana, na cidadezinha de Skagway.

SKAGWAY
Às seis da manhã do quarto dia, depois de 60 horas em movimento, o Disney Wonder ancora pela primeira vez. O navio carrega mais gente que o total de moradores da cidade que tem diante de si: são 920 os habitantes de Skagway. Boa parte deles mora em trailers e se muda temporariamente da cidade assim que o verão termina. No pico do inverno, sobram menos de uma centena de almas por ali.
A cidade propriamente dita é um triângulo acomodado em um vão entre duas montanhas, com meia dúzia de ruas caminháveis em meia hora no máximo, na foz do rio de mesmo nome. Também desemboca ali uma ferrovia inaugurada em 1898, a White Pass & Yukon Route, hoje em funcionamento turístico. O passeio entre montanhas e abismos até Carcross, já no Canadá, é vendido no site da empresa (wpyr.com) a US$ 229 por pessoa. Navios vendem o tour.
Skagway foi importante durante a mítica corrida do ouro que colocou o Estado canadense de Yukon e o Alasca na mira de aventureiros da América do
Norte.

A pequena cidade turística  Skagway se acomoda entre as montanhas
A pequena cidade turística Skagway se acomoda entre as montanhas