Salvo pelas próprias células

Células também podem vir de um parente próximo

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Diagnosticado com câncer na coluna, o ex-jogador do Vasco, Geovani, de 54 anos, foi submetido há cerca de um mês a um transplante autólogo de medula óssea. O procedimento, diferente de quando há necessidade de um doador, é conhecido como autotransplante, pois é feito com as células do próprio receptor.
“Esse transplante nada mais é do que uma quimioterapia em dose mais alta, com melhor chance de tratar o tumor. As células são retiradas e congeladas, depois é feita a quimioterapia no paciente e, por fim, as células são reinseridas”, explica o hematologista Marcio Hory, que deixa claro que as chances de cura, nos dois tipos de transplante, dependem da doença e dos fatores prognósticos.
O médico diz que o autotransplante é aconselhado, normalmente, para casos de linfoma e mieloma, em que a doença volta mesmo após o tratamento quimioterápico.
“No linfoma, nós damos até cinco anos para definir a doença como curada com a quimioterapia. Mas, se ela voltar nos dois primeiros anos, o aconselhado é fazer o autotransplante”, explica Juliane Musacchio, coordenadora Nacional de Hematologia do Grupo Oncologia D’Or. – Já no mieloma não há cura, mas é o procedimento que mais aumenta a chance de sobreviver.
Se no transplante com doação de células há chance de o receptor ter uma reação chamada doença enxerto contra hospedeiro, quando a medula não reconhece as células de fora, no autotransplante este risco diminui.
No Rio, os dois tipos de transplantes são feitos através da Rede Pública de Saúde, pelo Inca. O autólogo, contudo, também passou a ser feito no hospital Quinta D’or.

como doar

QUEM PODE DOAR:
Qualquer pessoa entre 18 e 55 anos com boa saúde.

CADASTRO
DE DOADOR:
É possível se cadastrar nos hemocentros. No Rio, isso é feito no Hemorio e no Inca.

coleta:
Os doadores preenchem um formulário com dados pessoais e é coletada uma amostra de sangue de 5ml.

CIRURGIA:
Se o doador for compatível com alguém que precise, a doação é feita em centro cirúrgico, sob anestesia. Nos primeiros dias pode haver desconforto, nada doloroso.

depoimento

"Não é a cura, mas te dá um controle"
“Não é a cura, mas te dá um controle”

Geovani Silva,
ex-jogador do Vasco, 54 anos

Já tem um mês que eu fiz o autotransplante, estou em recuperação ainda. Mas não é fácil. Dois dias antes do transplante, fiz quimioterapias pesadas. Depois, fiquei praticamente um mês internado, sem receber visitas, só um acompanhante. Eu estou bem. O fato de eu ter sido atleta ajudou muito na recuperação, segundo os médicos. Mas o cabelo cai, perdi peso, a imunidade abaixou, qualquer bactéria pode te pegar. O transplante não oferece a cura, mas te dá um controle, é uma maneira de melhorar. O medo de morrer, é claro, todo mundo tem, mas a medicina está muito avançada.