King Richard – Criando Campeãs

ESTREIA

11 - Cinema

Will Smith interpreta o pai das estrelas de tênis Venus e Serena Williams

O novo trailer de King Richard: Criando Campeãs releva um trecho de Be Alive, a canção original de Beyoncé para o filme. A cinebiografia de Richard Williams mostra a trajetória do pai das estrelas do tênis norte-americanas Serena e Venus Williams.

A produção vai acompanhar a vida de Richard Williams, interpretado por Will Smith, que superou as dificuldades e planejou a carreira das filhas desde pequenas.

Segundo Smith disse em entrevista à EW, Beyoncé se inspirou após uma exibição do filme e surgiu a colaboração com a cantora. “O casamento de um filme e uma música é um tipo de mágica incomparável no entretenimento. Fiquei muito feliz quando Beyoncé ligou”, disse o ator.

Serena Williams compartilhou o trailer em suas redes sociais, demonstrando grande entusiasmo: “Estou muito animada para vocês assistirem ao novo trailer de King Richard: Criando Campeãs, estrelado por Will Smith e apresentando a música Be Alive de Beyoncé”, escreveu a atleta.

No elenco também estão Saniyya Sidney e Demi Singleton como as tenistas e Aunjanue Ellis é a mãe das protagonistas. Jon Bernthal e e Liev Schreiber são o treinador e o técnico, respectivamente.

O filme é produzido por Will Smith, Tim White e Trevor Write, com roteiro de Zach Baylin e direção de Reinaldo Marcus Green (Monsters and Men).

King Richard: Criando Campeãs estreou na quinta-feira no Topázio Cinemas.

Os momentos em que King Richard: Criando Campeãs se ilumina são aqueles em que esbarra, quase sem querer, em uma verdade fascinante e incontestável da vida e carreira de Serena e Venus Williams: o triunfo da autodeterminação. Em grande parte pelo condicionamento do pai, Richard Williams, as tenistas sempre foram mulheres, atletas e figuras públicas que desafiaram a classificação alheia em favor de uma vontade inflexível, que pode ter frustrado quem tentava enquadrá-las numa narrativa convencional de superação, mas em última análise foi crucial para a trajetória fabulosamente vitoriosa das irmãs.

O roteirista Zach Baylin, no entanto, parece cometer o mesmo erro de tantos jornalistas que cobriram a carreira das Williams ao longo dos anos, e não dá o peso correto para essa autodeterminação. Ao invés disso, King Richard escolhe se concentrar mais em aspectos batidos de biografias esportivas, sublinhando as horas infindáveis de treinos das irmãs, a lição sobre humildade que o pai tenta passar, a superação de dificuldades monetárias e a quebra de barreiras sociais que Venus e Serena representaram – tudo verdadeiro e importante, óbvio, mas falta a King Richard algum insight do porquê elas chegaram lá apesar de todos os obstáculos pelo caminho.

O filme começa com as duas ainda na primeira infância, treinando com o pai (Will Smith) e a mãe (Aunjanue Ellis) em quadras dilapidadas e procurando (a princípio, em vão) um técnico, e as acompanha até o primeiro torneio profissional de Venus (Saniyya Sidney), aos 14 anos. Trata-se, portanto, de uma “história de origem”, ao invés de uma recapitulação de triunfos que já são de domínio público – ideia, por princípio, astuta para evitar os clichês e fragilidades estruturais da cinebiografia.

O charme desse aspecto “espiada por trás das cortinas” do filme, no entanto, se esgota rápido conforme ele deixa transparecer que não está disposto a mergulhar fundo em quem essas pessoas são, ou como o choque de quem elas são com um mundo desacostumado a valorizá-las se articula. O diretor Reinaldo Marcus Green (Monstros e Homens, Top Boy), enquanto isso, só parece se animar mesmo quando chega a hora de comandar as cenas de jogo, encontrando com a editora Pamela Martin maneiras criativas de mostrar o dinamismo e a tensão psicológica envolvida em uma competição de tênis de alto nível.

King Richard também sofre para justificar o investimento narrativo no seu protagonista quando ele é vivido por um Will Smith que parece ter abandonado o estilo direto e franco de suas melhores performances em favor de uma caricatura que nunca trai – como as boas caricaturas tendem a fazer – a fagulha de humanidade que a inspirou. Especialmente quando ao lado de uma Aunjanue Ellis poderosa e de uma Saniyya Sidney revelatória (a Venus da jovem atriz é a figura mais pulsantemente real do longa), o astro de King Richard se apequena, e deixa o filme órfão de uma figura centralizadora convincente.

Foto: divulgação