Dificuldade de ler e escrever – dislexia

Responsáveis também podem observar os sinais nas férias

texto: Elisa Clavery | Foto: divulgação
texto: Elisa Clavery | Foto: divulgação

Dificuldade para ler, escrever ou soletrar, principalmente na fase de alfabetização, pode não ter nada a ver com preguiça de estudar, como acreditam alguns pais: são sinais de dislexia. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno atinge entre 5% e 17% da população mundial. As férias escolares podem ser uma oportunidade para os pais ficarem mais atentos aos sinais dos filhos, mas o cuidado deve acontecer o ano todo.
“Embora o diagnóstico só possa ser cravado após a alfabetização, pais já devem ficar atentos a grupos de risco a partir dos 4 anos. Crianças dessa idade que têm dificuldades para identificar as letras do nome, que não associam cores ou com histórico familiar, por exemplo, estão no grupo de risco”, explica a fonoaudióloga e especialista em desenvolvimento infantil Sheila Leal, criadora do blog ‘Filhos Brilhantes’, que aborda, entre outros temas, a dislexia.
Após o diagnóstico, que é feito por exclusão – é preciso descartar deficiência visual ou escolarização inadequada, por exemplo -, o tratamento é feito de forma multidisciplinar – com a participação de fonoaudiólogo, psicólogo e neurologista.
“É controverso dizer que tem cura, mas tem tratamento. Com reabilitação da leitura e acompanhamento a longo prazo, monitorando os resultados escolares, os pacientes melhoram muito o quadro”, diz o professor de Neurologia da Universidade Federal Fluminense, André Matta.
Se não tratada, porém, a dislexia pode até ser levada à vida adulta – principalmente se estiver relacionada ao deficit de atenção.
“Se carregam isso para a vida adulta, tornam-se adultos frustrados. Há relatos de pessoas com mais de 30 anos pedindo ajuda”, diz Sheila.

Consequências na autoestima

A demora para diagnosticar a dislexia pode ter graves consequências na autoestima da criança, que pode acabar se sentindo incapaz perante aos colegas. Além disso, quanto mais cedo for o diagnóstico, maiores as chances de redução dos sintomas.
“Diagnosticada precocemente, os sintomas da dislexia diminuem muito. Apesar de também ser tratada na fase adulta, nas crianças o efeito é mais eficaz”, explica Sheila. “E, quanto mais demorar o diagnóstico, mais o quadro emocional é comprometido. Pais estão preocupados com a nota, e a criança entra em depressão.

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