Cuidados com pele, maquiagem e cabelo – Raridade bem-vinda
Profissionais de beleza ensinam cuidados específicos para índias
Cabelos bem escuros, pele morena avermelhada e olhos pequenos e amendoados: esses são alguns dos traços indígenas que encontram-se refletidos na leitora Karina Duarte, moradora do Vidigal.
– Minha bisavó paterna era bugre e foi laçada na mata pelo meu bisavô. E, por parte de mãe, sou descendente de puri – conta ela, referindo-se a distintos grupos indígenas.
No entanto, ela conta que, na infância, nem sempre valorizou sua etnia: eu me sentia muito excluída porque não via o meu tipo de beleza na mídia. Hoje digo que Dira Paes, com a índia Potira (em Irmãos Coragem), foi a minha musa – conta Karina, explicando que o cabelo liso, visto como uma vantagem por muitas mulheres, para descendentes de indígenas, pode ser monótono: – Gosto de usar meu cabelo ondulado às vezes, para sair do liso comum. E, quando o assunto é maquiagem, sempre fui mais básica, porque não consigo me achar bonita com cores fortes.
Diferentemente do que Karina acredita, cores fortes podem, sim, favorecer meninas como ela. Um time de especialistas aponta várias dicas para essa beleza única.
Maquiagem

CABELO

Como os fios longos também são marcas da origem indígena, Vitor Alperh, do Salão Jacques e Janine, explica que eles exigem cuidados especiais: “quanto maior o fio, maior o cuidado. Um cabelo longo, com certeza, sofre mais danos, principalmente nas pontas. Por isso, o ideal é sempre manter o corte, cortando de três em três meses, no máximo, e tirar as pontas que estejam ressecadas”. E, por que não fugir da tradição? “Diminuir o comprimento é uma boa opção para dar mais vida ao cabelo, deixá-lo na altura do ombro ou um pouquinho abaixo. Ou ainda fazer um corte com movimento, mais repicado”, sugere o profissional.
PELE

Uma das características mais marcantes da pele indígena é a ausência de pelos, destaca a dermatologista Fabiola Bordin, da Clínica Dermais. A médica explica, no entanto, que essa característica não traz prejuízos à pele.
“Isso aconteceu em função de uma adaptação biológica: os pelos têm a função de reter o calor. Como os índios moravam em regiões quentes e úmidas, não havia uma necessidade de o corpo reter esse calor do ambiente, o que tornou seus pelos escassos. Isso vai passando de geração em geração”.
Ter uma pele mais resistente, com menos tendência a estrias, por exemplo, também é uma herança da floresta, segundo a médica: “realmente é mais raro descendentes de indígenas terem estrias ou flacidez, porque no passado, quando a maioria dos índios vivia na floresta, a pele ficava muito exposta ao sol, à chuva e ao frio. Assim, ela se tornou mais resistente e isso foi transmitido aos descendentes”.
Essa exposição em excesso deixou também o tecido mais espesso, o que acarretou uma maior tendência a ressecamento. “Para isso, é recomendável sempre aplicar um creme três minutos após o banho, quando os poros ainda estão abertos, preferencialmente à base de ureia ou lactato de amônia, que seja realmente suficiente para hidratar de acordo com o grau de ressecamento da pele indígena”.