Criança estava afastada da mãe afetiva desde 2012

Volta só foi possível devido à anulação da decisão pelo juiz

Dra. Letícia junto de seus dois filhos adotivos, após retorno da menina Stephanie, da Bahia
Dra. Letícia junto de seus dois filhos adotivos, após retorno da menina Stephanie, da Bahia

Na semana passada, após uma longa batalha judicial, uma das cinco crianças de Monte Santo, adotadas por famílias de Campinas e de Indaiatuba e que em 2012 retornaram para a Bahia por ordem da Justiça, foi devolvida para a mãe afetiva de Indaiatuba.
Segundo a advogada Lenora Panzetti, que representava a médica Letícia Cristina Fernandes Silva, até a anulação da decisão do juiz Luis Roberto Cappio Pereira pelo Tribunal de Justiça da Bahia, há aproximadamente 15 dias, o retorno de Stephanie, hoje com 4 anos, só foi possível graças à anulação da decisão, e também, após a mãe biológica, Silvania Maria Mota Silva, demonstrar arrependimento afirmando que as crianças estão sofrendo e que reconhecia não ter condições de criá-los. “A situação da Stephanie é diferente da dos irmãos, porque ela é filha de Silvania com José Mário e está registrada no nome do mesmo”. Ainda de acordo com a advogada, Letícia, mãe afetiva de Stephanie, compareceu em Salvador após a sentença ser anulada, juntamente com Silvania e José Mario, onde, na presença do Ministério Público (MP), prestaram depoimento e por meio de um acordo de devolução consensual, a atual advogada de Letícia, Marilena Matiuzzi, fez o pedido de guarda provisória para que pudesse deixar o Estado com a criança e foi concedido por um juiz de Salvador. “Como não estou mais a representando, sei que ela ia ingressar com o pedido para fazer a conversão da guarda provisória em definitiva e a conversão em adoção”, “agora é questão de tempo para as outras crianças voltarem para as famílias afetivas. O mesmo risco que a Stephanie corria, os outros também estão correndo. Inclusive mais um menino, que nasceu há pouco tempo”. Lenora, que ainda representa duas famílias, garante: “as famílias não estão desesperadas, mas estão muito esperançosas que as crianças retornem logo. E eu trabalho para isso acontecer desde agosto de 2012”.
Relembre o caso
Letícia, que não pode ter filhos através do método tradicional, se inscreveu no Cadastro Nacional de Adoções. Passado algum tempo, apareceu uma recém-nascida em Monte Santo.
Segundo o Conselho Tutelar, a menina teria problemas de saúde, corria risco de morte e precisava de uma família substituta, já que a família extensiva não mostrou interesse e não havia abrigo de menores na região.
“Após os trâmites legais, ocorreu a transmissão da guarda da menor para Letícia. Logo em seguida, os outros quatro irmãos, que tinham entre 1 e 6 anos, e que também se encontravam em situação precária e de risco social, foram colocados em famílias substitutas, próximas de Letícia, para que pudessem crescer com vínculo entre eles”, explica a advogada Matiuzzi.
Fraude no Bolsa Família, no Minha Casa Minha Vida e interesses políticos também são citados. “A Sra. Eleonora Ramos e o Sr. Luis Roberto Cappio, um interessado na projeção política do Bolsa Família, outro na vingança contra o Juiz antecessor, e ambos com intenção de aparecer na mídia, acharam um processo em que havia ocorrido a adoção de cinco crianças para famílias de São Paulo e que havia sido sentenciada pelo Juiz Vitor Bizerra”, explica Marilena. “Esse juiz tem mais de 50 processos administrativos contra ele na Bahia”, ressalta Panzetti.
“Quem entrou com o pedido para tirar as cinco crianças do risco foi o MP, a Stephanie já tinha ido parar até no hospital sem ter registro de nascimento”, explica Lenora.
No dia 27 de novembro de 2012, as crianças foram retiradas das famílias adotivas e no dia 4 de dezembro retornam para Monte Santo. “Há 15 dias o Tribunal de Justiça da Bahia julgou a sentença do Juiz Cappio no sentido de anulá-la, reconhecendo que o Juiz errou. A mãe biológica declarou publicamente que havia se arrependido, pois todos estão sofrendo, e que tinha o desejo de devolvê-los às suas mães afetivas”, finaliza Marilena.