Um tapinha dói, sim! Velho recurso que tem efeito contrário

Estudo mostra que ‘corrigir’ com palmadas piora o comportamento

texto: Evelin Azevedo/infoglobo | foto: divulgação

Os adultos de hoje foram criados levando tapinhas, palmadas e aquelas surras quando faziam algo de errado na infância. Ainda há quem acredite que esse é um bom recurso para educar crianças. Mas um estudo realizado pela Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, afirma que crianças que apanharam de seus pais até os 5 anos mostraram mais problemas de comportamento aos 6 e aos 8, se comparadas àquelas que não receberam este tipo de castigo. O resultado foi obtido por meio de estatísticas, o que até então ainda não havia sido feito.
“Eu apanhei quando criança e funcionava comigo. Mas, o que eu tenho percebido com a minha prática profissional e como mãe é que a palmada não surte mais efeito e realmente piora a situação. Quando dava tapinhas na mão do meu filho, ele queria repetir o ato comigo e com o pai” – observa Ellen Moraes Senra, psicóloga especialista em terapia cognitivo comportamental e mãe do pequeno Rafael, de 2 anos e 8 meses.
Os professores das crianças que apanhavam disseram aos pesquisadores que elas eram as que mais discutiam, lutavam, ficavam com raiva, agiam impulsivamente e perturbavam as atividades em andamento na aula.
“As crianças replicam o comportamento dentro de sala, pois a forma como eles aprenderam se comunicar com o outro e de conseguir o que querem é batendo. Muitas vezes, o educador quer um resultado imediato e acredita que batendo vai ensinar a criança a maneira correta de ouvir” – afirma Claudia Melo, psicóloga e membro do Conselho Tutelar.
Em 2014, entrou em vigor no Brasil a chamada ‘Lei da Palmada’, que proíbe os pais de aplicar castigo físico, tratamento cruel ou degradante como forma de educar seus filhos. A alternativa para a palmada é o diálogo.
“Quando um educador utiliza de agressão física para educar a criança, abre-se mão de um dos principais recursos educacionais que é o diálogo”, diz Luciana Brites, psicopedagoga e fundadora do Instituto NeuroSaber.

 

Muita calma nessa hora

Uma das maneiras de evitar que a criança faça algo de errado é estabelecer limites.
“Para minimizar essas possibilidades (de que seu filho faça algo de errado), é bom que os pais estabeleçam regras claras, mostrando para a criança até onde ela pode ir. O ideal é trabalhar de forma preventiva” – orienta Luciana.
Mas, se mesmo assim, a criança errou, é importante que os pais mantenham o controle, tenham paciência e corrijam os filhos com amor.
“É de extrema importância que os pais mantenham a calma, pois se você está estressado acaba tendo mais risco de fazer algo do qual vai se arrepender depois” – afirma Ellen.
Segundo a psicóloga, alguns pais justificam a agressão alegando que não conseguem levar a criança na conversa ou apenas no castigo: “alguns pais são incoerentes na correção. Por exemplo, o pai coloca de castigo e a mãe tira e vice-versa. Ou então, em um momento aquela atitude da criança é errada, mas no outro não há problema. Não importa onde for, você precisa corrigir seu filho sempre.