Em Coletiva, Custódio culpa Gaspar e ignora o Poder Legislativo
Escândalo do Passe/Bolsa – Após repercussão nacional, prefeito anuncia mudanças
Afastamento da Secretária de Assistência Social; suspensão do Programa por 15 dias para que um grupo executivo possa reavaliar os 718 alunos contemplados pelo Programa, a afirmação: “determinei o fim do Programa Passe/Bolsa e criei o Programa de Incentivo ao Ensino Técnico e Superior”, vinculado à Secretaria Municipal de Educação, foram algumas das medidas que tardiamente foram anunciadas pelo Prefeito Dr. Custódio, em coletiva de imprensa na manhã de 5ª feira dia 12 de novembro.

Atraso, equívocos e contradições cercam a coletiva de imprensa
Após 40 minutos de atraso, Prefeito anuncia medidas que, mesmo tardia, se demonstram “feitas às pressas” improvisadas, e torna impossível entender em quais parâmetros este novo grupo executivo nomeado para fazer este “pente fino”, irá se basear para reavaliar os bolsistas, já que até hoje, não existe o Decreto que deveria definir os critérios para se determinar a vulnerabilidade de um aluno.
Outro ponto que chamou a atenção é o anúncio do fim do Programa Passe/Bolsa que foi criado por Lei Municipal e que somente outra Lei Municipal poderá substituí-lo e revogá-lo, se aprovado após o devido Processo Legislativo.
Em nota Dr Lucas Del Campo, advogado da servidora demitida se manifesta
“As narrativas expostas na coletiva não condizem com a realidade dos fatos apurados na sindicância. Não passou de uma manobra política para desviar o foco e a responsabilidade da atual gestão. Além disso, a servidora foi afastada em novembro de 2024 e não participou do Programa Passe/Bolsa no ano de 2025, onde foram detectadas novas fraudes, como as apontadas pela reportagem do Fantástico. Não existe nenhuma prova de que a servidora teria recebido o valor de 400.000,00. Pelo contrário, existem provas de que superiores da servidora exonerada interferiam nas decisões para que determinados alunos fossem aprovados, conforme áudio anexa a esta nota. A coletiva nesta data tentou somente desviar, mais uma vez, o foco das inúmeras irregularidades do Programa Passe/Bolsa encontradas ao longo da sindicância. A Prefeitura pendurou seu convencimento em depoimento de uma única testemunha para responsabilizar a servidora exonerada, porém, não levou em consideração o depoimento de outras testemunhas, que receberam o benefício do programa Passe/Bolsa mesmo sem cursar faculdade para poder atuar nas eleições de 2024, demonstrando a parcialidade administrativa na condução da sindicância, o que será tratado em futura ação judicial.
O fantasma do tapete – desconfiança que se instala
Há sete anos, desde o primeiro ano de mandato do ex-prefeito Nilson Gaspar, a população de Indaiatuba convive com uma sucessão de episódios que abalam a confiança na gestão municipal. Não são casos isolados, mas um histórico que se repete: escândalos envolvendo prefeito, secretários e decisões administrativas que nunca chegam a um desfecho transparente.
Nos bastidores, após a revelação do recente escândalo do Passe/Bolsa, a sensação dominante é de profundo descrédito quanto a uma apuração realmente eficaz e, sobretudo, quanto à imposição das punições exemplares que a sociedade espera. Fala-se — e muito — sobre a possibilidade de que os agentes públicos que, por omissão, deixaram que a situação se instalasse, mais uma vez escapem ilesos de qualquer responsabilização.
A comparação com o caso dos milhões aplicados no Banco BV surge, inevitavelmente, em cada roda de conversa. O temor é explícito: que tudo termine como terminou antes — com a poeira sendo varrida para baixo do tapete, no melhor estilo “faz de conta que nada aconteceu”.
A pergunta que ecoa pelas ruas é simples, direta e incômoda:
quantas crises mais serão necessárias para que a administração municipal trate a transparência não como discurso, mas como prática?
A sociedade indaiatubana já deixou claro que não aceita mais respostas improvisadas, investigações pela metade ou responsabilizações seletivas. O caso Passe/Bolsa, pela sua gravidade e impacto social, tornou-se um divisor de águas. Ou a verdade virá à tona — inteira — ou o abismo entre governo e população se aprofundará de forma irreversível.
CENSURA NÃO É O CAMINHO – MP REJEITA REMOÇÃO DE VÍDEO DE VEREADORES E MANTÉM INVESTIGAÇÃO ABERTA SOBRE “PASSE/BOLSA” EM INDAIATUBA
Promotoria confirma: vereadores podem fiscalizar
Pedido feto pela Secretária Viviane Barnabé para “bloqueio de conteúdos nas redes sociais” dos Vereadores Danilo Barnabé e Eduardo Tonin foram negados pelo MP pois, segundo o MP não se enquadram nas hipóteses legais. A liberdade de expressão é regra.
Manifestação do MP, frisou que o trabalho dos vereadores Danilo Barnabé e Eduardo Tonin, limitado à esfera de fiscalização administrativa e política, é legítima e protegido por lei.
Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que o episódio expõe um fenômeno crescente: o uso de pedidos institucionais como forma de calar opositores ou críticos. “A tentativa de impor silêncio, mesmo sob o pretexto de preservar a imagem do poder público, pode configurar censura velada”, avalia um jurista ouvido pela reportagem.
Transparência é a palavra-chave
Em uma cidade que se orgulha da boa gestão, a lição do MP é clara: transparência não se negocia — e crítica não se cala.
O episódio marca um divisor de águas na política local: o Ministério Público sinaliza que a fiscalização parlamentar é legítima, o sigilo tem limites, e a censura não é caminho.
