Encontro de opostos: Oroch Vs Toro

Veículos avaliados são equivalentes na faixa de preço

texto: Por IGOR MACARIO/ae | fotos: divulgação
texto: Por IGOR MACARIO/ae | fotos: divulgação

Quando a Renault lançou a Oroch no Brasil, sua meta era dominar o mercado graças à boa ideia de unir a caçamba de uma picape à versatilidade do utilitário-esportivo Duster. Mas a Fiat foi melhor ao fazer o dever de casa e a Toro é que ‘nada de braçada’ entre as intermediárias – ela até assumiu a liderança das vendas do segmento de entrada, superando sua ‘irmã’ Strada.
A supremacia da Toro se repetiu no confronto entre os dois modelos, nas únicas configurações em que elas se enfrentam diretamente: com motor flexível e câmbio automático. A Toro Freedom 1.8, de entrada, encarou a Duster Oroch Dynamique 2.0, de topo. Com preço sugerido de R$ 84.590, a Fiat compensa os R$ 4.800 de diferença para os R$ 79.790 da tabela da Renault com um produto melhor em praticamente todos os quesitos avaliados.
A cabine é uma das principais diferenças entre as duas. Enquanto a Toro oferece interior elaborado, com materiais de boa qualidade e posição de dirigir confortável, a Oroch tem painel praticamente idêntico ao do hatch Sandero e seu acabamento abusa de plásticos
simples.
Atrás, os passageiros da Fiat vão ligeiramente mais bem acomodados, uma vez que o encosto do banco traseiro da Renault é muito vertical. Mas nenhuma delas é exemplo de conforto para cinco ocupantes.
Mesmo na versão mais simples, a Toro sai bem equipada de fábrica Há controles de velocidade de cruzeiro e de estabilidade (ESP), item não disponível na Oroch. Por outro lado, a Renault de topo traz central multimídia, sistema que é opcional na concorrente.
Aliás, a lista de extras da Fiat é ampla e repleta de mimos como acionamento automático de faróis e limpadores de para-brisa, câmera traseira e ar-condicionado automático, itens não disponíveis na Oroch. Na Renault, o único opcional é um pacote de R$ 3.490 que deixa seu visual mais “bruto”, como o do carro avaliado.
Os 148 cv do motor 2.0 quase sobram na Oroch, que é leve: pesa pouco mais de 1.300 kg. Mas o antigo câmbio de apenas quatro marchas da picape paranaense sofre um bocado para lidar com essa vitalidade.
Na cidade, o conjunto vai bem – as trocas são suaves e há boa dose de torque em baixa rotação. Mas basta pisar fundo para o câmbio mostrar suas limitações. Com os intervalos entre as passagens são longos, a Oroch acaba perdendo fôlego.
A favor, o modelo da Renault esbanja robustez e encara sem medo estradas ruins de terra e vias urbanas malcuidadas. A Toro também é disposta, mas sua suspensão mole faz com que a cabine sacoleje muito ao passar sobre ondulações.
Apesar de ser menos potente (139 cv), a Toro até que se vira bem com a cavalaria gerada pelo motor 1.8. O que ajuda a dar alguma vitalidade ao conjunto é o câmbio de seis velocidades, que não hesita em reduzir marchas para fazer a picape ganhar velocidade.
Depois de embalada ela até vai bem. Mas não espere acelerações vigorosas ou muita emoção a bordo da Toro 1.8.
Na estrada, a picape da Fiat mantém velocidade de cruzeiro na casa dos 110 km/h sem muito esforço. O problema é que, em subidas, o 1.8 vai pedir giros bem altos e o motorista precisará ter paciência.
Em comum essa dupla tem o alto consumo. Nenhuma roda mais do que 6,5 km na cidade com um litro de etanol (aferidos no computador de bordo).

O Renault esbanja robustez e encara sem medo estradas de terra
O Renault esbanja robustez e encara sem medo estradas de terra

OPINIÃO
Toro e Oroch são frutos de boas ideias executadas de forma ligeiramente diferente, a partir de nuances de um mesmo pensamento. Enquanto o modelo da Renault tem versões mais acessíveis, com motor 1.6 e jeitão espartano, a Toro vai para a outra ponta da escala e oferece variantes bem mais sofisticadas, com motores ‘maiores’ e até uma ótima opção a diesel. Essa disparidade de foco fica clara quando colocam-se as opções mais parelhas da gama das duas frente a frente. Enquanto a Oroch, mesmo de topo, é ‘brutona’, com índole de carregadora de piano e trabalhadora de minas de carvão, a Toro de entrada, que é quase tão valente quanto, é claramente mais polida, capaz de fazer bonito mesmo se estiver coberta de lama. E quando se trata de veículos na casa de R$ 80 mil, a valentia fica melhor quando está aliada a conforto, beleza e tecnologia.